
O que pode provocar a inalação das poeiras de barro do Sahara?
A inalação de partículas minerais que compõem as poeiras pode desencadear sintomas respiratórios como hiperreatividade brônquica – manifestada por tosse, pieira, falta de ar, sensação de respiração incompleta e sensação de opressão torácica. Pode também levar a sintomas nasais, com espirros, secreções e muco aumentado, obstrução nasal e prurido nasal. Os olhos estão também suscetíveis, podendo manifestar irritação, vermelhidão, prurido e lacrimejo.
Estes sintomas podem surgir mesmo em pessoas sem historial de doença respiratória ou de doença alérgica, devendo ser observados e tratados mesmo que seja a primeira vez que manifestam sintomas.
Quem pode ser mais afetado?
As pessoas com doenças respiratórias crónicas, como asma (ou bronquite asmática), rinite, sinusite e doença pulmonar obstrutiva crónica (associada ao tabaco), assim como doentes com patologia cardíaca mais grave. Relativamente às faixas etárias, as crianças e os idosos podem apresentar sintomas mais intensos.
Que cuidados especiais devem tomar os doentes respiratórios?
Os doentes respiratórios devem, em primeiro lugar, evitar expor-se às poeiras dispersas no ar, permanecendo no interior das suas casas ou, se não for possível, utilizar sempre máscara facial no exterior, enquanto a qualidade do ar permanecer assim.
A medicação habitual deve ser cumprida rigorosamente e, se necessário, recorrer à medicação de alívio prescrita pelo médico habitual. Perante sintomas agudizados de falta de ar ou tosse, devem idealmente ser observados pelo seu médico assistente. A consulta de Imunoalergologia da Rede Hospital da Luz encontra-se disponível e com vagas para agendamento de consultas com carácter urgente, permitindo uma abordagem rápida dos sintomas e orientação clínica subsequente.
E os doentes alérgicos?
Os doentes alérgicos, com rinite e asma alérgicas, assim como os doentes com dermatite atópica (eczema) e com conjuntivite alérgica, são mais predispostos a agravar a sua doença alérgica em exposição às poeiras do deserto.
Devem procurar manter os seus sintomas controlados com a medicação de manutenção prescrita pelo seu imunoalergologista assistente, ou procurar uma consulta (presencial ou videoconsulta) de Imunoalergologia para orientação clínica.
E se for fumador?
O tabagismo é, para além das alergias, um fator de risco para desenvolver sintomas respiratórios mais graves, como tosse e falta de ar. Deve evitar fumar nos dias em que a qualidade do ar se mantiver degradada, assim como diminuir a exposição às poeiras, no exterior.
A máscara ajuda a prevenir a inalação destas partículas?
A utilização de máscara diminui a quantidade de partículas inaladas, uma vez que são partículas minerais de dimensões relativamente grandes. São impedidas pela barreira física de penetrar nas vias aéreas em grande quantidade, diminuindo a probabilidade de sintomas respiratórios como falta de ar ou tosse.
Podemos andar normalmente na rua sem receio desta poeira?
Devemos circular com cuidado na rua, devido ao risco elevado de deposição destas partículas nas vias aéreas, mesmo que não tenhamos doença respiratória ou doença alérgica. Os malefícios dessa exposição são conhecidos e os doentes respiratórios e doentes alérgicos estão mais suscetíveis que a restante população, pelo que os seus cuidados e vigilância devem ser redobrados.