Cerimónia de entrega de prémios da 24ª edição do Festival de Teatro decorreu ontem, numa noite emotiva que celebrou o talento dos grupos de teatro do concelho e evocou a memória do encenador e ator Jorge Fraga, figura incontornável da Cultura e das Artes. Prémio Jorge Fraga para “Melhor Peça” foi entregue ao Grupo de Teatro Lugar Presente, com “Escudos Humanos”, e ao grupo Argonautas, com “As Cigarras Septendecim e Tredecim”

O Viriato Teatro Municipal acolheu ontem a cerimónia de anúncio de vencedores e entrega de prémios do 24º Festival de Teatro Jovem e Amador de Viseu. Numa verdadeira noite de emoções, a comunidade artística presente evocou e celebrou Jorge Fraga e, na sua pessoa, celebrou o Teatro, as Artes e a Cultura. Ele que impulsionou e contribuiu ativamente para o nascer, crescer e consolidar deste Festival, no qual assumiu o papel de Júri ao longo dos anos.

Trazendo a palco – e ao ecrã – as suas palavras, pensamentos e perspetivas, através de trechos de uma entrevista realizada por este ao Jornal do Centro, na rubrica “Espelho Meu”, foi possível recordar o encenador, ator, dramaturgo e professor, figura preponderante na cultura viseense, líder e exemplo em diversas iniciativas culturais e artísticas no concelho.

“O Fraga foi um dos grandes mentores deste Festival, porque acreditava veementemente que a partilha e o ensino do teatro, bem como as suas diversas manifestações, são ferramentas de desenvolvimento, não só individual, mas também para a construção de um mundo melhor e de uma sociedade mais justa”, destacou a Vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Viseu, Leonor Barata.

“O ensino sempre ocupou grande parte das suas prioridades, a par com a encenação, onde se destacou igualmente, não só em Viseu, mas em todo o país. Mais do que um professor ou encenador – ou mesmo ator -, o Fraga era um verdadeiro mestre que transformava o quotidiano de quem com ele se cruzava”, concluiu.

“Há um ano atrás ele estava aqui connosco”, sublinhou Sónia Barbosa, também encenadora e atriz, Júri neste Festival. “Subiu a este palco para entregar o Prémio Osório Mateus – que foi ele que inventou e batizou –  e falou-nos sobre o futuro, sobre os jovens, sobre como o Teatro pode mudar o futuro e os jovens. Falou-nos da partilha, da aprendizagem, da vontade de criar coisas novas e de o fazermos juntos, uns com os outros”.

“O poder do sopro que ele inflou na vida teatral viseense é difícil de calcular. Continua a bafejar-nos, a empurrar-nos, a enfunar as velas dos nossos barcos, que lançamos ao mar da criatividade, sempre que nos juntamos para fazer um espetáculo de teatro. Ou para aprender coisas sobre teatro. Ou para ler e discutir teatro. Ou para escrever para teatro”, continuou.

Também honrando o seu percurso e dedicação a Viseu, o prémio para “Melhor Peça” recebeu este ano o seu nome, tendo sido entregue, na categoria associações/instituições, ao Grupo de Teatro Lugar Presente, pela peça “Escudos Humanos”, e, na categoria escolar, ao grupo Argonautas, que apresentou “As Cigarras Septendecim e Tredecim”.

A “Melhor Interpretação Secundária”, na categoria escolar, foi atribuída a Sofia Fonseca e Carolina Sá, pelas suas personagens conjuntas das Moscas, na peça “O Zé das Moscas”, do grupo de teatro ABC do Colégio da Via Sacra. Já na categoria associações/instituições, arrecadou o prémio Tatiana da Costa, do Grupo de Teatro Lugar Presente, pela sua personagem Filipa, na peça “Escudos Humanos”.

Júlia Murys e Vicente Oliveira conquistaram ambos o prémio ex-aequo para “Melhor Interpretação”, na categoria escolar, pelas suas personagens Carmona e Jeremias, nas peças “A História de Catarina Eufémia” e “Jeremias e o Mar do Norte”, respetivamente (a primeira do grupo EAE do Lugar Presente 7º ano e o segundo do grupo Art On Stage). O elenco da peça “Strip Poker”, do Grupo Experimental Sigilo, venceu, também em ex-aequo, a “Melhor Interpretação” na categoria associações/instituições, pelas personagens Carmo, Jaime, Raquel e Carlos, interpretadas por Anne Amaral, Micael de Almeida, Joana Pina e Ricardo Cálix.

O Prémio Osório Mateus, que premeia o Melhor Texto Original, foi para a peça “A Sala do Castigo”, do Grupo de Teatro Casa do Sol. O Júri decidiu ainda atribuir seis Menções Honrosas: à peça “O Olhar que Não Vê”, pela Música Original; à “I Love Celebrities” e à “A Sala do Castigo”, pela qualidade e coesão do elenco; à “A História de Catarina Eufémia”, pela qualidade do cruzamento das diversas linguagens artísticas; à “Memórias de Uma Livraria”, pelo espaço cénico; e à “O que aconteceu na Terra dos Procópios”, pela melhor cena.

Recorde-se que este ano, na 24ª edição do Festival de Teatro Jovem e Amador de Viseu, participaram 19 peças, 11 na categoria escolar e 8 na categoria associações/instituições, levadas a palco por 250 atrizes e atores, entre os dias 7 de maio e 7 de junho. O Júri do Festival foi composto por Gabriel Gomes, Joana Martins, Mara Maravilha, Sofia Moura e Sónia Barbosa.

Esta é uma iniciativa anual, organizada pela Câmara Municipal de Viseu. Assume como objetivos principais o incentivo às Escolas para que desenvolvam a prática do teatro; o apoio, a valorização e a divulgação do trabalho desenvolvido no campo da produção teatral pelos grupos integrados nas Escolas e Associações de Viseu; a descoberta de novos valores no e para o teatro; a fidelização e criação de públicos diversificados, sensibilizando-os para a importância do teatro nos hábitos culturais, como forma de conhecimento, entretenimento e inclusão social; e a partilha de experiências entre os grupos.