
Eram 13.12 horas desta terça-feira, 29 de julho, quando o alerta chegou às autoridades. O eucaliptal junto a Vale das Caldas, em Alcanede, concelho de Santarém, estava novamente a arder.
Depois de um foco de incêndio, na semana passada, que as autoridades suspeitam agora tenha sido uma tentativa de incendiar a floresta, os alegados intentos foram agora conseguidos e o verde deu lugar ao negro e à destruição.
Rapidamente o incêndio ganhou dimensão e proporções que levaram a ativar todos os meios disponíveis para tentar por cobro às chamas que teimavam em queimar não só os eucaliptos, mas tudo por onde passavam.
Cerca das 17 horas houve a necessidade de agrupar a população da aldeia de Vale de Soupo. As chamas estavam a aproximar-se das casas e de algumas instalações agrícolas, com muita rapidez e sobretudo com muita perigosidade, pelo que a GNR efetuou um trabalho de juntar a população num espaço para facilitar a sua evacuação caso fosse necessário.
Ao cair da noite chegou a notícia de que o fogo estava junto a uma pecuária, que foi bastante afetada e viu mesmo 350 leitões morrerem, sobretudo pela inalação de fumos.
Uma habitação sofreu também alguns danos num anexo e no seu telhado. Apesar de ficar inabitável, o seu morador ficará alojado em casa de familiares.
Até cerca das 23 horas, havia registo de quatro feridos. Dois bombeiros, um sapador da Afocelca e um popular. Além da exaustão, algumas queimaduras de primeiro grau e um membro superior fraturado. Todos foram atendidos no Hospital Distrital de Santarém e o seu estado de saúde não inspira cuidados.
A população uniu-se e distribuiu tarefas. Os homens tentavam proteger as suas casas e os seus bens. As mulheres preparavam alguma alimentação para que os bombeiros, sapadores e guardas pudessem retemperar forças para o trabalho incessante.
No Posto de Comando, montado no Quartel dos Bombeiros Voluntários de Alcanede, que também não escapou às chamas, o trabalho não para e há que coordenar todos os detalhes de uma operação, que pelas 22 horas tinha quase 500 operacionais no terreno e 135 viaturas.
A noite é de muito e contínuo trabalho, numa luta contra o monstro do fogo, que alimentado pelo vento imprevisível, pode rapidamente colocar novamente em sobressalto as populações das aldeias que rodeiam a vila de Alcanede.
Rodrigo Bertelo, segundo Comandante do Comando Sub-Regional da Lezíria do Tejo da Proteção Civil, era pelas 23 horas, um razoável otimista, desejando que a “janela de oportunidade” fosse crucial para que esta quarta-feira seja de consolidação e rescaldo.
O Presidente da Câmara Municipal de Santarém, João Teixeira Leite, esteve desde a primeira hora a acompanhar a situação, demonstrando a solidariedade e apoio do município às populações afetadas por este flagedo.
Embora ainda não seja uma certeza, a verdade é que os agentes da Proteção Civil e da Segurança, acreditam que este incêndio teve na “mão humana” responsabilidade, estando por isso a Polícia Judiciária e a GNR a trabalhar em parceria com o objetivo de encontrar o responsável do rasto de destruição que ficará agora em Alcanede por muitos dias, muitas semanas, muitos anos…