
A arbitragem tem de “sair da bolha” e tornar mais claro o processo de decisão para o público e, assim, reduzir o ruído após os jogos de futebol em Portugal, defendeu hoje o árbitro Luís Godinho.
“A arbitragem tem que sair da bolha. Ou seja, quanto mais claro for o processo de decisão e a forma como as coisas chegam, mais claro é para o público e menos ruído há. As pessoas, no final do dia, o que querem é ver algumas dúvidas e esclarecimentos tidos em conta pela equipa de arbitragem”, afirmou o árbitro à margem da sessão com recomendações para a época 2025/26 e as principais alterações às Leis de Jogo, no âmbito da Ação de Reciclagem e Avaliação dos árbitros C, na Cidade do Futebol, em Oeiras.
O ‘juiz’ da Associação de futebol de Évora mostrou-se aberto a dar explicações sobre as decisões tomadas em campo, considerando que “tem sido benéfico”.
“Eu sempre fui um defensor daquilo que é a abertura à comunicação social, sempre fui uma pessoa que tem a necessidade de explicar e de intervir no público e tenho sentido, pessoalmente, que tem sido benéfico”, expressou.
E reforçou: “Aqueles que se cruzam comigo têm a possibilidade de falar comigo, de me questionar em privado e tem sido produtivo. Não só para mim, mas para a arbitragem portuguesa. É bom que as pessoas percebam isto e esta abertura é essencial para que isso aconteça”.
Depois, abordou o lance polémico entre o brasileiro Matheus Reis e o italiano Andrea Belloti, na final da última edição da Taça de Portugal, entre Sporting e Benfica, que terminou com vitória dos ‘leões’ (3-1), após prolongamento, no Estádio Nacional, em Oeiras.
“[O lance] não foi esquecido de todo, porque os intervenientes do espetáculo só vão melhorar se olharem para o erro e perceberem o que é que aconteceu. A arbitragem fez a sua crítica interna, fez o seu luto da decisão. E estamos aqui de peito aberto, respeitando todos, para que, na Supertaça, esta equipa [chefiada por Fábio Veríssimo] dê uma resposta cabal daquilo que é a competência e a qualidade da arbitragem portuguesa”, argumentou.
No inicio da sessão, realizada no auditório principal da FPF, o presidente do Conselho de Arbitragem, Luciano Gonçalves, indicou que o caminho dos árbitros, observadores e representantes dos clubes passa por trabalharem “em conjunto” em busca de “um futebol cada vez mais profissional e com menos ruído”.
“Comunicar mais, sermos mais ouvintes e dar passos em frente. Trabalharmos todos em conjunto naquilo que é necessário. Um futebol cada mais vez profissional, esse é o nosso caminho, um futebol com menos ruído, focarmos no que é mais importante, que é dentro das quatro linhas. Trabalhar mais e melhor”, apontou.
Por sua vez, o diretor técnico nacional de arbitragem, Duarte Gomes, falou das alterações com maior detalhe, destacando-se o “contacto provocado pelo portador da bola”, nomeadamente nos lances dentro da grande área, que podem dar origem à cobrança de grandes penalidades, deixando claro que um atacante não será beneficiado caso “coloque o corpo à frente, promova o contacto e abdique da posse de bola”.
Já o contacto após a bola a partir do portador (late tacle) terá de “ser sancionado técnica e disciplinarmente”, caso seja “negligente ou tiver for excessiva”, ao passo que, no que diz respeito à formação das barreiras nos pontapés livres, haverá “atenção particular”, isto é “mais rigor na distância a que são postas e à colocação da bola nos casos em que a barreira fique sobre/limite da linha de grande área”.
Nos lances em que o exista duplo toque na cobrança de uma grande penalidade, com o jogador a pontapear “acidentalmente a bola com os dois pés em simultâneo” e resultar em golo, o penálti é repetido. Se não for golo, é assinalado pontapé de livre indireto para o guarda-redes.