O Governo português aprovou esta semana a Estratégia Nacional para a Gestão da Macroalga Invasora “Rugulopteryx okamurae”, uma medida considerada essencial face ao rápido alastramento desta espécie asiática nas costas nacionais, especialmente em Cascais e no Algarve. O anúncio, feito pelo executivo de Luís Montenegro, sublinha o carácter preocupante da proliferação da alga, que gera alarme entre autoridades ambientais, comunidades piscatórias e associações locais.

A resposta oficial envolve uma articulação direta entre os ministérios do Ambiente e Energia e da Agricultura e do Mar, numa tentativa coordenada de mitigar o impacto deste fenómeno ecológico que transforma o quotidiano de várias praias portuguesas. Segundo dados recolhidos, apenas nos primeiros quatro meses após a chegada da alga a Portugal Continental, foram removidas cerca de 2 mil toneladas em duas praias do concelho de Cascais, um número que evidencia a dimensão do problema.

Num dos exemplos mais recentes, uma operação de limpeza promovida pela associação CascaiSea retirou, numa única manhã, uma tonelada de algas da praia da Azarujinha, revelando o esforço contínuo das entidades locais e de voluntários. O presidente da associação, Miguel Lacerda, sublinha o impacto devastador da alga sobre o ecossistema marinho: “A alga é arrancada dos fundos e projetada para terra. Quando chega à costa, vai a apodrecer e retira o oxigénio da água. Por isso já não se veem estrelas do mar ou mexilhões, apesar de os mexilhões serem mais resistentes.”

O fenómeno, já classificado como crítico pela União Europeia, levou a que a “Rugulopteryx okamurae” fosse incluída, em julho de 2022, na lista de espécies exóticas invasoras a nível europeu. Pescadores locais, alarmados pela velocidade de propagação e reprodução da alga, passaram a apelidá-la de “covid do mar”, dada a sua rápida expansão e o seu efeito prejudicial na biodiversidade costeira.

Além do odor intenso e desagradável que emana quando seca, a presença massiva da alga tem provocado alterações significativas na paisagem e nas atividades balneares, obrigando as autarquias e entidades ambientais a reforçar a vigilância e a atuar de forma sistemática e articulada.

A implementação da nova estratégia nacional representa uma resposta estrutural à emergência ambiental, procurando não só proteger os ecossistemas afetados, mas também sensibilizar a opinião pública para o impacto das espécies invasoras e a importância da sua vigilância contínua nas águas portuguesas.