
O setor equestre provocou um impacto económico a rondar os 6,6 milhões de euros em 2023 no concelho de Alter do Chão, distrito de Portalegre, segundo um estudo encomendado pelo município, foi hoje revelado.
O estudo vai ser oficialmente apresentado na 2.ª edição do Horse Economic Fórum, que vai decorrer em Alter do Chão na sexta-feira e no sábado, e foi desenvolvido pelo professor Álvaro Lopes Dias, do ISCTE -Instituto Universitário de Lisboa.
Em declarações à agência Lusa, o docente lamentou hoje que não existam dados mais recentes sobre o setor, considerando, no entanto, que esta é uma área muito promissora naquela região alentejana.
“É um setor que é muito promissor em Alter do Chão, que tem vindo a crescer, e o impacto direto, indireto e induzido ronda os 6,6 milhões de euros no concelho, anualmente”, disse.
Álvaro Lopes Dias chegou a esta conclusão através de um caminho “muito tortuoso”, uma vez que “há falta de dados”, principalmente em relação ao município e a empresas que se dedicam à produção do cavalo na região.
“No Banco de Portugal, por exemplo, que tem muitos dados sobre as empresas, apenas lá estão 180 empresas a nível nacional registadas na produção equestre, porque o problema é que todas as outras são outras coisas, como sociedades agrícolas, empresas de hotelaria que não encaixam no código de produção equestre, quando há milhares de explorações na área do cavalo”, explicou.
O professor disse ainda que recorreu a estudos efetuados noutros países sobre efeitos multiplicadores na economia da atividade equestre para chegar a estes valores.
De acordo com Álvaro Lopes Dias, cerca de quatro milhões de euros dos 6,6 milhões que o concelho gerou são oriundos do impacto indireto.
“Também estudei os valores do turismo em Alter do Chão. Estão muito relacionados com a atividade equestre e têm sido muito positivos, pois o número de hóspedes, em 2017, era de 7.400 e, em 2023, aumentou para 18.800. Este salto é muito expressivo”, revelou.
De acordo com o professor, neste mesmo período, o número de camas passou de 121 para 317: “Isto também tem um impacto muito grande na economia local”.
“O município é reduzido em termos de habitantes, mas registou 32.000 dormidas (com a média a rondar as duas noites) por ano, em 2023”, acrescentou.
O docente do ISCTE explicou que teve de trabalhar “muito por inferência”, quer através de estudos estrangeiros, quer do panorama nacional.
Álvaro Lopes Dias disse ainda ter chegado a estes valores tentando ser “conservador” no tratamento dos números, uma vez que “faltam dados e há discrepâncias muito grandes” nas entidades públicas sobre o número de cavalos exportados.
“É um setor muito específico porque, enquanto nas outras atividades económicas há uma relação da empresa com o cliente, aqui há uma terceira parte, que é o cavalo, e isto vai alterar muito os modelos que temos do comportamento do consumidor, da escolha do turista, entre outros fatores”, disse.
O Horse Economic Forum é uma plataforma internacional de reflexão, cooperação e investimento no setor agro equestre, estando anunciadas sessões plenárias no Cineteatro de Alter do Chão e a componente experiencial na Coudelaria de Alter do Chão e no Laboratório de Genética Molecular (INIAV).
Promovido pelo município, o evento arranca sexta-feira pelas 08:30, reunindo especialistas, empresários, decisores políticos e académicos, para abordar tendências, inovação, sustentabilidade e oportunidades de negócio.
O programa contempla ainda visitas técnicas, experiências práticas na Coudelaria de Alter e no INIAV, demonstrações de técnicas inovadoras de maneio equino e sessões interativas de desenvolvimento de liderança com cavalos.