
Uma obstrução numa conduta, provocada por desprendimentos internos causados pelo calor, originou uma falha no abastecimento de água em quatro localidades do concelho do Cartaxo entre sábado e terça-feira, informou hoje a Cartágua.
Em comunicado, a empresa explica que a obstrução, detetada numa conduta com cerca de 800 metros, foi provocada por “desprendimentos internos associados às elevadas temperaturas”, uma situação imprevista, mas que causou “sérios transtornos” aos habitantes.
A falha ocorreu entre as 20:00 de sábado e as 09:00 de terça-feira, afetando várias localidades da freguesia de Pontével, durante um período em que as temperaturas ultrapassaram os 40 °C.
A empresa responsável pelo abastecimento e gestão de água no Cartaxo, distrito de Santarém, refere que, após a deteção da falha, as equipas técnicas “foram mobilizadas de imediato” e “trabalharam ininterruptamente durante mais de dois dias”, tendo o serviço sido restabelecido entre a noite de segunda-feira e a madrugada de terça-feira.
Durante a intervenção, foram realizadas ações de “deteção de fugas, verificação de válvulas e localização de quedas de pressão”, o que, segundo a Cartágua, contribuiu para “a morosidade da resolução, dada a complexidade da situação”.
Como medida de mitigação, e em articulação com a Proteção Civil e os Bombeiros Voluntários do Cartaxo, foram disponibilizados depósitos de mil litros de água nas localidades afetadas.
Na nota, a empresa pede desculpa à população de Casal de Alcaria, Casais das Areias, Vale de Zebra e Rua Pinhal do Bairro, admitindo que a informação prestada não correspondeu às expectativas.
Em declarações à Lusa, o presidente da Câmara Municipal do Cartaxo, João Heitor (PSD), responsabilizou a empresa pela falha, afirmando que a autarquia não recebeu qualquer comunicação formal da Cartágua.
“Nem sequer fomos notificados oficialmente. Agimos com base em relatos da população”, disse, considerando inadmissível a demora na resolução do problema e garantindo que a câmara irá exigir à Cartágua a apresentação de um plano de emergência para prevenir futuras falhas.
Salientando que “a Câmara não tem nenhuma responsabilidade direta sobre isto”, nem tem “sequer a legitimidade para intervir em situações desta natureza”, cabendo essa responsabilidade à Cartágua, João Heitor criticou ainda a forma como a concessão da água foi atribuída em mandatos anteriores, considerando que as condições contratuais “continuam a ser difíceis de compreender”.
Segundo o responsável, o município perdeu o controlo sobre um bem essencial e não dispõe de “ferramentas legais” para assegurar um serviço “adequado à população”.
Apesar das limitações impostas pela concessão, o autarca referiu que a câmara tem vindo a acompanhar mais de perto a atuação da empresa através de uma comissão, que reune-se regularmente com a empresa.
“Alguns aspetos já foram resolvidos fruto de pressão da autarquia. Mas, temos pouco poder sobre este bem essencial que é a água, para além de outras questões que estão aqui em causa, como, por exemplo, a ausência de pagamento de rendas da Cartágua ao município, que não paga desde 2017”, afirmou.
Num requerimento enviado na terça-feira, o PS do Cartaxo exigiu explicações formais ao presidente da câmara, considerando “chocante” a resposta da Cartágua e o “silêncio ensurdecedor” da autarquia e da Junta de Freguesia de Pontével.
O PS alertou ainda para os riscos para a saúde pública, especialmente durante uma vaga de calor, e anunciou que irá solicitar um parecer à Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR) sobre a atuação dos agentes envolvidos.