O Arquivo Digital do Cante e a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo assinaram um protocolo de cooperação para alargar o trabalho historiográfico a todo o Alentejo e à Área Metropolitana de Lisboa.

O acordo, assinado na Junta de Freguesia de Pias, no concelho de Serpa, distrito de Beja, visa expandir o trabalho realizado pelo Arquivo Digital do Cante “a toda a região Alentejo e diáspora”, disse o coordenador do projeto, Florêncio Cacête.

“O nosso trabalho tem sido feito, sobretudo, no território que diz respeito ao distrito de Beja”, mais concretamente nos 13 concelhos pertencentes à Comunidade Intermunicipal do Baixo Alentejo (CIMBAL), que não integra o de Odemira, especificou.

Agora, fruto deste protocolo com a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Alentejo, o Arquivo Digital do Cante passará também a cobrir os distritos de Évora e Portalegre, a região do Alentejo Litoral e a Área Metropolitana de Lisboa, revelou.

“Vai ser possível que o nosso trabalho seja implementado em zonas como Almada, Seixal, Amadora, Cascais, Barreiro e outros” município, reforçou o coordenador.

O Arquivo Digital do Cante foi lançado em maio de 2024 e pretende, através da preservação da memória documental dos grupos corais, contar a história do cante alentejano.

A iniciativa é promovida pela Alentejo, Terras e Gentes – Associação de Defesa e Promoção Cultural do Alentejo, presidida por Florêncio Cacete, assim como pelo Centro Interdisciplinar de História, Culturas e Sociedades (CIDEHUS) da Universidade de Évora e pela CIMBAL, com o apoio de outras entidades da região.

Segundo Florêncio Cacete, o acordo com a CCDR do Alentejo vai abranger sobretudo o financiamento de equipamentos que, neste momento, “estão em falta”.

“Este reforço vai permitir-nos não só fazer um trabalho com mais qualidade, mas também entrar por outros campos” em que havia dificuldades para trabalhar até agora “por falta de equipamentos, porque são caros”, destacou.

Para o responsável, este protocolo é “de extrema importância”, sendo “um apoio fundamental” para o desenvolvimento do projeto.

“Vai permitir-nos dar também seguimento àquilo que está previsto no plano de salvaguarda do cante, aprovado pelo Comité do Património Cultural da UNESCO, ou seja, passar, numa primeira instância, a ter muito mais trabalho, mas, em segundo lugar, uma maior responsabilidade na partilha de tudo aquilo que vamos desenvolver a par e passo, porque este é o nosso contributo para que não se perca a memória nem a história dos grupos e do cante”, adiantou Florêncio Cacete.

Com esta colaboração será ainda possível iniciar o processo de digitalização sonora de “algumas faixas de áudio” de discos antigos gravados por grupos de cante alentejano.

O Arquivo Digital do Cante tem 30.000 documentos digitalizados de 122 acervos, tendo já duplicado os 2.000 documentos inicialmente disponibilizados na Internet.

O cante alentejano, canto coletivo sem instrumentos, tornou-se Património Cultural Imaterial da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) em 27 de novembro de 2014.