As estatísticas do rendimento ao nível local divulgadas pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) relativas a 2023 revelam que a região do Alentejo apresentou desempenhos diferenciados entre os seus municípios, evidenciando avanços no crescimento do rendimento líquido por pessoa e um posicionamento de destaque no combate às desigualdades de rendimento.

Alentejo Central entre as regiões com melhores indicadores

O Alentejo Central foi a única sub-região do Alentejo com valor mediano de rendimento líquido por pessoa superior à média nacional. Em 2023, este indicador foi de 11 567 euros, acima dos 11 446 euros registados em Portugal.

A nível sub-regional, o Alentejo Central destacou-se também por apresentar o coeficiente de Gini mais baixo do país (30,6%), o que significa que foi a sub-região com menor desigualdade na distribuição do rendimento.

Évora no topo nacional

Entre os municípios do Alentejo, Évora foi o único a apresentar um valor mediano do rendimento líquido por pessoa acima dos 13 mil euros (13 003 €), ficando entre os sete municípios com os rendimentos mais elevados a nível nacional. Este valor posicionou Évora acima de cidades como Faro, Braga ou Matosinhos.

No mesmo município, o coeficiente de Gini foi inferior ao valor nacional, refletindo uma distribuição de rendimento mais equilibrada.

Sines e Santiago do Cacém com forte crescimento

Sines e Santiago do Cacém destacaram-se como dois dos 27 municípios do país que apresentaram, simultaneamente, valores medianos de rendimento e taxas de crescimento anual superiores às médias nacionais. Estes municípios integram o litoral alentejano e beneficiam de uma dinâmica económica associada à indústria e logística portuária.

Sines foi ainda um dos três municípios com maior aceleração da taxa de variação anual do rendimento mediano entre 2022 e 2023, registando um incremento superior a 3,5 pontos percentuais.

Alandroal com uma das menores desigualdades do país

O município de Alandroal apresentou um dos coeficientes de Gini mais baixos de Portugal (27,1%), valor partilhado apenas com Pampilhosa da Serra. Este indicador evidencia uma distribuição de rendimento especialmente homogénea, apesar de o valor mediano do rendimento neste município estar abaixo da média nacional.

Ferreira do Alentejo e Portalegre também em destaque

Ferreira do Alentejo e Portalegre estiveram entre os poucos municípios do país a apresentarem rendimentos medianos e variações anuais superiores à média nacional. Este grupo é restrito e integra apenas 27 municípios em todo o território nacional.

No caso de Ferreira do Alentejo, verificou-se também uma das maiores acelerações da taxa de crescimento do rendimento entre 2022 e 2023.

Odemira em contraciclo

Entre os 298 municípios analisados, Odemira foi o único em que o valor mediano do rendimento líquido por pessoa diminuiu face a 2022, registando uma variação negativa de -0,7%. Este município do litoral alentejano apresenta uma realidade económica muito marcada pela sazonalidade e trabalho agrícola temporário, o que poderá justificar esta inversão de tendência.

Redução generalizada das desigualdades

A tendência nacional de redução da desigualdade no rendimento líquido por pessoa refletiu-se amplamente no Alentejo. Nenhum município da região apresentou um coeficiente de Gini superior à média nacional, e, pelo contrário, vários destacaram-se por valores bastante reduzidos. Além de Alandroal, Mértola e Alcácer do Sal também surgem na análise nacional com níveis de desigualdade controlados.

O Alentejo reforçou em 2023 o seu posicionamento enquanto região com menores desigualdades de rendimento. Embora a maioria dos seus municípios ainda apresente valores medianos de rendimento abaixo da média nacional, há sinais de crescimento expressivo em zonas como o litoral e na capital de distrito, Évora. Os dados agora divulgados pelo INE sugerem um território com assimetrias internas, mas com dinâmicas económicas locais capazes de gerar crescimento sustentado e distribuição mais equilibrada da riqueza.