Muitas pessoas esforçam-se ao máximo para proteger a saúde cardiovascular à medida que envelhecem, geralmente adotando uma dieta mais saudável ou incorporando uma rotina regular de exercícios. Mas quando se trata da nossa saúde cognitiva, geralmente não é tão simples.

Às vezes, pode parecer que suplementos e "exercícios mentais" são as únicas opções disponíveis. No entanto, cientistas afirmam agora que focar numa mudança de estilo de vida que priorize o seu bem-estar geral pode ser uma maneira eficaz de ajudar a proteger a sua memória à medida que envelhece.

Novo estudo investiga relação entre o bem-estar e a memória

As descobertas mais recentes foram apresentadas num estudo publicado na revista Aging & Mental Health. Uma equipa internacional de investigadores nos EUA, Reino Unido e Espanha analisou dados de 10.760 homens e mulheres com 50 anos ou mais no Reino Unido que ainda não tinham sido diagnosticados com declínio cognitivo ou demência.

Cada participante relatou nove vezes sobre o seu bem-estar geral e memória, como parte do Estudo Longitudinal Inglês sobre Envelhecimento. Cada relato teve dois anos de diferença, durante um período de 16 anos iniciado em 2002, segundo um comunicado de imprensa.

Para avaliar a memória, os investigadores pediram a cada participante que listasse 10 palavras que lhe foram dadas após um breve intervalo. Também responderam a um questionário de qualidade de vida com nove itens, no qual os participantes classificaram as respostas a perguntas como: 'Eu consigo fazer as coisas que quero fazer' e 'Sinto que a vida é cheia de oportunidades'. Por fim, abordaram áreas como prazer, controlo, autonomia e autorrealização.

Para especificar o que estavam a avaliar, a equipa explicou que o bem-estar foi definido como "um conceito multifacetado que compreende uma combinação de saúde emocional (por exemplo, felicidade, confiança) e funcionamento eficaz (por exemplo, controlo sobre a vida, senso de propósito)".

Pessoas mais felizes mostraram melhor saúde cognitiva

Após a análise dos dados, os resultados mostraram que os participantes que relataram melhor bem-estar mental também apresentaram melhor desempenho nos testes de memória. Os autores esclareceram que isso se tornou especialmente verdadeiro quando ajustaram os resultados para levar em conta a depressão clínica.

Os investigadores também apontaram que havia uma provável conexão entre outros problemas de saúde física, como doenças cardiovasculares, e as capacidades físicas de uma pessoa, o que influenciava a relação entre bem-estar e memória.

Por fim, a equipa concluiu que as descobertas sugerem que o foco no bem-estar geral - incluindo os elementos físicos e mentais que o determinam - pode ser uma maneira eficaz de ajudar a combater o declínio cognitivo em idosos.

"No contexto do envelhecimento populacional, compreender os fatores que podem proteger e manter a função cognitiva saudável é essencial para melhorar a saúde da população e o desenvolvimento de políticas de saúde", disse Amber John, principal autora do estudo, professora de psicologia na Universidade de Liverpool.

Ela acrescentou que, embora não haja evidências conclusivas para determinar se os problemas de memória causam um declínio no bem-estar ou vice-versa, as suas descobertas ainda sugerem que focar no primeiro pode melhorar o último.

"Isto sugere que, se a causalidade for demonstrada, melhorar o bem-estar pode proteger contra o declínio subsequente da memória", concluiu John.