Está num restaurante e trazem-lhe a garrafa de vinho. Servem-lhe um pouco. Cheira-o, movimenta o copo e prova-o, acena com a cabeça e servem-lhe um copo. Certamente já passou por esta experiência e, muito provavelmente, seguiu os passos por achar que é o correto, mas sem perceber muito bem o que estava a fazer.

A pensar nas idas aos restaurantes, ou nos momentos especiais em casa, o Lifestyle ao Minuto falou com uma enófila para ensinar a analisar um vinho como um profissional.

"Os primeiros impactos são sempre visuais,. Quando o sommelier traz a garrafa, confirmamos a nossa escolha, que pode ter sido por indicação do mesmo, ou por escolha nossa, e aí inicia-se o prazer do ritual", começa por indicar Aline de Castro, enófila formada pela WSET Internacional.

"Quando o vinho é colocado na taça, é importante que vejamos se está limpo ou turvo, o que poderá indicar um defeito ou apenas que se trata de um vinho não filtrado ou vegan", continua.

"A taça tem uma haste para que agarremos por ela e não aqueçamos o vinho. E, assim que temos o vinho no copo, entra a análise visual. Antes de agitar a taça, devemos colocá-la a sensivelmente 45º e ver a cor e intensidade do vinho. Mais cor poderá ser um indicador de maior tempo de contacto com a película da uva, mais aroma, mais tanino, mais corpo", explica a especialista ao Lifestyle ao Minuto.

"Logo de seguida, colocamos a taça na vertical e vemos como ficou a lágrima do vinho que escorreu. Mais lenta ou grossa é o indicativo de álcool ou açúcar. Seguimos para a análise olfativa, que engloba 75 a 80 por cento da nossa percepção de sabor. Devemos fazer uma leve inspiração para sentir os primeiros aromas que estiveram guardados na garrafa (ou possíveis defeitos) e, após esses segundos, giramos a taça - tente girá-la sobre a mesa se tiver dificuldade. Inspire novamente."

Os aromas poderão ter mudado ligeiramente. A enófila aconselha a que esteja atento aos detalhes, sempre sem pressa, para descobrir o leque aromático que pode estar por trás de cada inspiração - aromas florais, herbáceos, frutados, entre outros.

Notícias ao Minuto Aline de Castro, enófila© Aline de Castro

"Mel, baunilha, ou coco, estão presentes em vinhos que estiveram em barricas de carvalho, por exemplo, e têm mais complexidade e estrutura. Por fim, segue-se a análise gustativa, onde iremos confirmar os aromas sentidos pelo nariz, assim como outros aromas e 'apalpar' o vinho, detetando também aromas básicos."

Ao colocar um gole de vinho na boca, explica Aline de Castro, deve fazê-lo percorrer toda a boca e perceber se:

  • Provoca secura e adstringência, sobretudo entre a gengiva e o lábio ou a bochecha (tanino);
  • Se tem textura semelhante à agua ou ao leite (viscosidade, álcool);
  • Quanto aquece a boca ou garganta ao engolir (quantidade de álcool);
  • Se está à temperatura, muito quente ou muito frio (temperatura);
  • Provoca salivação em excesso por baixo da língua, nas laterais, ou quase nada (acidez);
  • É doce ou seco (dulçor);
  • Quanto tempo dura o sabor após engolir (final).

"Por fim, desfrutamos do ritual e do sabor. Alguns vinhos podem ver características olfativas e gustativas ser alteradas à medida que o tempo passa. Se alguns beneficiam de oxigenação, outros perdem parte das suas características."