Portugal acordou com uma notícia trágica na manhã desta quinta-feira, 3 de julho. Diogo Jota e o irmão, André Silva, perderam a vida num acidente de viação na A52, em Zamora, Espanha. O internacional português tinha casado há poucos dias com a companheira de longa data, deixando também três filhos menores.

Ana Garcia Martins, que perdeu um irmão num acidente de carro, a um quilómetro de casa, fez uma sentida reflexão após ouvir as palavras do ex-jogador de futebol Marco Caneira, que é atualmente comentador de desporto na SIC Notícias e no programa 'Jogo Aberto'. Em 2005, o antigo futebolista perdeu a filha de oito meses após uma paragem cardiorrespiratória.

"Ouvia há pouco, na televisão, o Marco Caneira a dizer que para a família do Diogo J. e do André Silva, este é o melhor dos piores dias. O Marco sabe do que fala, perdeu uma filha há alguns anos. Nunca tinha pensado nisto desta forma, 'o melhor dos piores dias', mas é isto", começou por dizer.

"Quando se perde alguém, sobretudo desta forma, o choque funciona como uma espécie de anestesiante. Há a incredulidade, a negação, a dor também, claro, a espaços, mas é tudo tão inverosímil que não se consegue perceber, de imediato, a verdadeira dimensão da tragédia. E depois há as burocracias, a escolha de coisas que nunca pensámos ter de escolher, o conforto de muita gente à nossa volta, as conversas de circunstância, um corpo que dá uma falsa sensação de presença. Ainda está ali. De alguma forma, ainda está ali. E tudo isto distrai-nos, quase que parece que não é a nós que está a acontecer, somos só os espectadores do pesadelo de alguém", continuou.

E rematou: "Mas depois vem o depois. A chegada a casa, o silêncio horrível, o olhar à nossa volta e sentir que, estando tudo no mesmo sítio, está tudo irreconhecível, o tentar pensar como será a vida dali a um ano, a dois, a vinte, quando não se consegue imaginar sequer como sobreviver aos próximos cinco minutos. A ausência insuportável, os ses, os porquês, a cabeça a dar voltas sem parar, o que é que podia ter sido diferente, o que é que podíamos ter feito de diferente. O dia de hoje é horrível, mas é o melhor dos piores."