Filomena Cautela recorreu às redes sociais para tornar pública a sua indignação perante as notícias que dão conta da possibilidade de o governo estar a ponderar remover conteúdos relativos à educação sexual e sexualidade da disciplina de Cidadania e Desenvolvimento.

A apresentadora, de 40 anos, gravou um vídeo através do qual manifesta o seu descontentamento e acusa os dirigentes portugueses de terem uma 'estratégia' que passa por "nos colocarem a discutir temas basilares" para fazer esquecer assuntos fulcrais como a habitação e a saúde.

"Só para avisar que nos próximos dias, enquanto nós vamos estar, obviamente, revoltados com esta grande prioridade do governo de retirar a sexualidade e a saúde sexual e reprodutiva das aulas de cidadania - que vai impedir que os miúdos falem sobre a violência no namoro, abusos sexuais, contraceção, homofobia, gravidez na adolescência, doenças sexualmente transmissíveis, enfim, cenas que realmente era uma prioridade para eles não falarem disto e não saberem nada sobre este assunto.

Enquanto nós estamos entretidinhos com isto, com a emigração e outras coisas que enfim... a verdade é que ninguém fala das duas maiores prioridades para o povo português, a saúde e a habitação", começou por referir.

"Não sei se passaram por esta, mas a habitação, pessoal, continua a bater recordes, é verdade. E a saúde, urgências fechadas, continua a haver falta de profissionais um pouco por todo o país, enfim.

Ando a curtir esta tática de nos pôr a discutir coisas que são basilares para nos esquecermos das coisas que, epa, não sei... ter uma casa, saúde", completou.

Filomena Cautela partilhou o testemunho na sua conta oficial de Instagram e na legenda da publicação pediu para que os professores deixassem nos comentários as suas opiniões.

"Onde é que eu já vi isto? A todos os professores e professoras que me têm enviado mensagem epa deixem o vosso testemunho aqui. É importante", apelou, tendo sido imediatamente atendida.

Eis alguns dos testemunhos de professores que comentaram a publicação de Filomena Cautela:

"Sou professora, fui coordenadora de PÉS e Cidadania e Desenvolvimento vários anos e aquilo a que assistimos é um retrocesso civilizacional que terá impactos a vários níveis mas, em última análise, no bem estar e saúde física, psicológica e emocional dos jovens. Mas se pensarmos que não há Ministério da Cultura, que querem acabar com a IVG, etc, percebemos que a linha de atuação tem um manual que já lemos (vivemos) no passado… é assustador", referiu uma docente.

"Acrescentemos a isso o facto de os métodos contracetivos e IST terem saído já há algum tempo dos conteúdos obrigatórios de Ciências Naturais. Na altura diziam que esses trabalhos podiam ser abordados na Cidadania. Pasmem, agora não serão falados em lado nenhum! Triste. Vou terminar a minha carreira profissional sem nunca ver a disciplina de Educação Sexual ser oferecida nas escolas", disse um outro professor.

"Sou professora há 38 anos e estou revoltada com o retrocesso civilizacional", lamentou-se numa outra partilha.

"Sou professora e mãe de cinco filhos. O que soubemos hoje é lamentável e profundamente preocupante. Sabemos que é na escola que se aprendem e aprofundam valores fundamentais quando tudo se afunda na vida duma criança. Acho que é urgente fazer algo. É muito, muito preocupante".

Entre os vários comentários, lê-se ainda: "Sou professora de Ciências Naturais. Continuarei a informar e a responder a todas as questões que os alunos colocam sobre estes temas - que tanta confusão fazem aos políticos".