
Quando Noel Gallagher bateu com a porta do camarim em Paris, em 2009, dizendo que já não conseguia estar mais "nem por um dia" ao lado do irmão, o mundo entendeu a mensagem: era o fim dos Oasis. Ou melhor, o fim daquela versão crua, explosiva e orgulhosamente imperfeita da banda que marcou os anos 90.
Avancemos 16 anos. Em 2025, contra todas as expectativas e ironias partilhadas nas redes sociais, os irmãos Gallagher estão de volta. Não como melhores amigos, nem pouco mais ou menos, mas como dois artistas que sabem perfeitamente o peso (e o valor emocional) do nome Oasis.
Não é só uma digressão. É um acontecimento
Chama-se Oasis Live '25 e tem tudo menos o sabor de uma simples reunião.
Os bilhetes desapareceram em minutos. Londres, Manchester, Tóquio, São Paulo ou Buenos Aires, tudo a rebentar pelas costuras com fãs de várias gerações.
E há um recado claro para quem esperava um "grande regresso de estúdio": não há novo álbum, nem músicas inéditas.
Mas há algo de quase cinematográfico nesta história. Dois irmãos que passaram década e meia às turras, a comunicarem-se apenas por indiretas em entrevistas e tweets venenosos.
Liam apelidou Noel de "batata cósmica" mais vezes do que o Twitter quis contar, agora estão prontos para partilhar o palco. Não como se nada tivesse acontecido mas talvez porque aconteceu tudo.
Tudo pode esperar, menos a mãe
E sim, há um terceiro elemento nesta equação: Peggy Gallagher. A mãe. Uma figura silenciosa, mas absolutamente central. Segundo a imprensa britânica, terá sido a mãe Gallagher a pressionar os dois os filhos para uma trégua.
"Fui a incentivadora, sim. Mas claro, isso iria acontecer em algum momento. Foi escolha deles. Não podemos simplesmente forçá-los a fazer coisas que eles não querem", disse recentemente numa entrevista ao jornal Mail on Sunday.
Nada pirotecnia ou discursos preparados. Só guitarras e suor
A promessa para esta digressão? Um espetáculo sem adornos. Sem pirotecnia, sem discursos preparados, sem hologramas a tentar compensar ausências. Apenas música. Música tocada como deve ser, com distorção nas guitarras e arrogância no olhar.
Êxitos como Wonderwall, Live Forever ou Don't Look Back in Anger prometem ressoar com nova força num mundo que mudou mas que continua a precisar de canções simples, diretas, e com alma. Nada mais Oasis do que isso.
Paz duradoura ou trégua temporária?
A pergunta está na cabeça de todos: esta reunião é um momento único ou um novo capítulo? Liam e Noel Gallagher não revelaram se há planos para estender a coisa.
Mas mesmo que seja só por agora, já deixaram os fãs deliciados. Como disse o jornalista britânico John Harris, que acompanhou a banda desde o início:
"Eles sempre foram uma tempestade perfeita — talento, arrogância e caos. O que os fez brilhar também os destruiu. Se agora conseguem partilhar um palco sem explodir, já é uma vitória."
E enquanto o mundo observa com o coração ansioso e ouvidos prontos, resta esperar para ver se esta paz armada dura o suficiente para provar que alguns dirão… mas todos vão lembrar.