"Nós sentimos que temos muita margem de crescimento", disse o diretor artístico e maestro titular da OML, Pedro Neves, em entrevista à agência Lusa, apontando para o milhão de habitantes da Grande Lisboa, e para a possibilidade de haver "entre quatro mil e cinco mil espectadores, por semana, nos concertos da Metropolitana."

Pedro Neves reconhece que a construção de públicos "leva o seu tempo", pois "as pessoas têm de ganhar hábitos". "O hábito cultural não se constrói de um dia para o outro", afirmou.

Em 2024, os concertos da Metropolitana tiveram 50 mil espectadores, tendo realizado "em média 360 apresentações", entre concertos da OML, música de câmara e recitais de solistas, "um trabalho hercúleo, não tendo uma sala própria", declarou Pedro Neves.

Na próxima temporada, serão abertas as portas da sede da OML, na Junqueira, em Lisboa, no antigo edifício da Standard Eléctrica, em frente ao rio Tejo. Trata-se do Espaço M, especialmente dedicado à música de câmara.

A Temporada 2025-2026 da OML vai subdividir-se em duas, clarificando a parte profissional e a académica, enquanto projeto unificado.

A ideia de distinguir o projeto profissional da vertente académica, refletindo as três escolas da Metropolitana estava já nos projetos de Pedro Neves, quando se tornou maestro titular da OML, na temporada 2020-2021.

"Esta iniciativa de separar estas duas temporadas que decorrem em paralelo, pretende que o público tenha uma imagem mais clara do que se faz na Metropolitana: uma profissional que é a da OML e outra que decorre em paralelo, a anunciar mais tarde, no início do ano letivo, a que chamamos 'Ensaio Geral', que é a temporada das orquestras académicas, e de toda a música de câmara que se faz no seio das três escolas da Metropolitana".

A Metropolitana tutela o Conservatório de Música, a Escola Profissional e a Academia Nacional Superior de Orquestra (ANSO), além da OML, composta por 34 músicos profissionais.

"As duas temporadas estão cada vez mais definidas", afirmou Pedro Neves, referindo que "o grande público acaba por ter uma melhor leitura do trabalho que se faz na Metropolitana".

O maestro considera que "há uma dificuldade em que as pessoas percebam" este trabalho. "Por um lado temos este facto único que é trabalhar com o lado artístico e pedagógico, mas era preciso diferenciar as duas coisas, que são diferentes, daí aprimorar cada vez mais esta mensagem".

Ao apresentar duas temporadas, a profissional e a académica, estabelece-se uma mensagem de "clarificação de todo o trabalho que fazemos naquela casa, que às vezes é um bocadinho invisível", disse Pedro Neves, sublinhando que "se continua a lutar por uma sala de concertos própria".

Esta será "a luta dos próximos anos", afirmou.

Os sucessivos dirigentes da Metropolitana têm, em declarações à agência Lusa, referido este desejo, como um instrumento fundamental para o crescimento da OML.

Pedro Neves disse que a OML se apresenta em vários espaços da capital e da Área Metropolitana de Lisboa, mas uma sala de concertos própria "iria clarificar" o trabalho da orquestra.

A OML tem tocado, regularmente, no Teatro Tivoli, em Lisboa, "que tem sido um dos parceiros" da Metropolitana, cuja "presença tem sido crescente na sua temporada, pois têm apostado na música erudita".

"Uma aposta em crescendo" da qual participa a OML, disse o maestro referindo que as diferentes instituições têm demonstrado interesse em "levar a música até ao seu teatro", o que demonstra um reconhecimento da atividade e da qualidade da orquestra.

Tal facto, porém, não invalida "termos uma sala em Lisboa, que identificamos como a 'sala de música', que será sempre o objetivo de futuro, a curto prazo, espero eu", acrescentou Pedro Neves.

"Em Lisboa é necessário uma sala de música que as pessoas identifiquem 'ali há música', o que não temos. Nós temos outro tipo de salas de espetáculo, mas nós temos de fazer essa construção", disse o maestro que considera ser "uma falha na capital portuguesa, o que não acontece noutras capitais europeias que têm até mais do que uma" sala de concerto, defendeu o maestro, acrescentando que se pode construir de raiz ou adaptar um espaço existente, não colocando em causa outras salas em atividade.

Referindo-se à OML com uma vocação para a AML, não excluindo atuações no estrangeiro e no território nacional - este ano, por exemplo, a orquestra vai tocar nos Jardins Valverde, em Santar, no distrito de Viseu, em 14 de setembro, um dia antes do concerto de abertura da nova temporada.

Pedro Neves afirmou que "há uma tentativa de alargamento dos promotores regionais", isto é, autarquias que apoiam a Metropolitana.

Atualmente são quatro: Lourinhã, Montijo, Setúbal e Caldas da Rainha, municípios onde a Metropolitana se apresenta regularmente.

Em Lisboa, os espaços já habituais onde atua contam com o Centro Cultural de Belém, onde realiza os "concertos mais festivos", como o de Ano Novo, de Páscoa, de Carnaval, o Teatro S. Luiz, onde na próxima temporada vão apresentar a integral das Sinfonias de Schumann, a reitoria da Universidade Nova, a Casa da América Latina e o Teatro Tivoli.

Na próxima temporada, a iniciar em setembro, a OML estreia-se no auditório do Instituto de Higiene e Medicina Tropical, na Junqueira.

A programação da temporada 2025/2026 da OML está disponível no 'site' da OML (www.metropolitana.pt).