Os pais chamaram-lhe Benito Antonio Martínez Ocasio, mas todos o conhecem pelo nome artístico de Bad Bunny. Com a cultura latina no sangue, o artista de 30 anos veste as cores de Porto Rico, a terra que o viu nascer, a quem dedica o seu mais recente álbum e sucesso mundial "DeBÍ TiRAR MáS FOToS". Uma viagem às raízes porto-riquenhas através do amor, nostalgia, descoberta e com um toque de revolta política que começa na música "NUEVAyol" e termina com "LA MuDANZA".

Lançado no início de janeiro, "DeBÍ TiRAR MáS FOToS" (em português, "Deveria ter tirado mais fotos") foi a forma que Bad Bunny encontrou de se relembrar a si próprio (e quem ouve o álbum) de que precisa desfrutar e valorizar o presente sem esquecer de onde vem, para onde vai e com quem vai.

"' DeBÍ TiRAR MáS FOToS' é mais do que uma fotografia. É mais sobre o momento, sobre a história. Eu deveria ter feito mais perguntas, deveria ter expressado mais os meus sentimentos, deveria ter-te conhecido melhor. Às vezes as pessoas entram na nossa vida, saem e tu acabaste por não as conhecer bem o suficiente e é disso que a vida se trata, não deixar as coisas a meio", explicou Bad Bunny em entrevista à Apple Music.

A capa do álbum reflete a simplicidade por detrás da vida quotidiana do povo de Porto Rico. As duas cadeiras brancas de plástico, à frente de uma bananeira, simbolizam as histórias e memórias contadas por quem nelas um dia se sentou.

Capa do álbum
Capa do álbum SIC Notícias

Meticulosamente trabalhado ao longo do último ano, o álbum mergulha o artista e o ouvinte em ritmos tradicionais como Salsa, Jíbaro, Bomba, Plena, Merengue e Reggaeton.

Uma declaração de amor a Porto Rico

Orgulhosamente porto-riquenho, Bad Bunny quis escrever uma carta de amor à ilha caribenha que, durante um comício de Donald Trump para as eleições presidenciais, o comediante norte-americano Tony Hinchcliffe descreveu como "uma ilha flutuante de lixo".

E qual é a melhor forma de homenagear um país através da música? Reunir artistas locais e criar um álbum que junta gerações. Diretamente da capital San Juan, Bad Bunny uniu os instrumentos e as vozes dos alunos da Escuela Libre de Música Ernesto Ramos Antonini a artistas como Chuwi, Dei V, Omar Courtz, Pleneros de la Cresta e RaiNao.

Antes de divulgar ao mundo a sua declaração de amor sonora, Bad Bunny entregou uma curta-metragem que complementa o álbum e apresenta uma reflexão profunda e artística sobre a realidade de Porto Rico.

Durante pouco mais de 11 minutos, o reconhecido ator e realizador Jacobo Morales dá vida a um homem, que muitos acreditam ser Bad Bunny numa idade avançada, que é confrontado com as mudanças de um país cada vez mais gentrificado. Para ajudar a contar a história, o artista recuperou outro símbolo do seu país - o sapo de crista de Porto Rico - também conhecido como "Coquí".

O álbum é composto por 17 faixas, mas até à data, apenas as músicas "BAILE INoLVIDABLE", "EL CLúB" e "PIToRRO DE COCO"tiveram direito a um videoclipe.

Para as restantes, Bad Bunny pediu ao professor e historiador Jorell Meléndez-Badillo que complementasse cada música com factos históricos sobre Porto Rico. Em "NUEVAYoL", por exemplo, pode ler-se a história por detrás da criação da primeira bandeira porto-riquenha.

“[Bad Bunny] estava de facto interessado em ter este tipo de componente histórico para que as pessoas não apenas ouvissem as músicas no YouTube, mas aprendessem a sua história enquanto o faziam”, disse Meléndez-Badillo, citado pelo jornal Los Angeles Times .

Álbum do ano de 2025?

Passou pouco mais de uma semana do seu lançamento, mas "DeBÍ TiRAR MáS FOToS" já é um sucesso além fronteiras. Nos primeiros 10 dias, a música "DtMF" contava com mais de 86 milhões de streams na plataforma Spotify e 20 milhões no Youtube.

Um fenómeno que rapidamente se transformou numa trend na rede social TikTok com milhares de utilizadores a utilizarem a música para recordar momentos marcantes da sua vida. Algo que deixou Bad Bunny em lágrimas: "Chorei umas 17 vezes com os TikToks da trend de 'DtMF'", escreveu na rede social X, antigo Twitter.

“Deveria ter tirado mais fotos quando te tive. Deveria ter dado mais beijos e abraços nas vezes que pude", canta o artista de 30 anos na música "DtMF".

Mas a febre de "DeBÍ TiRAR MáS FOToS" não fica por aqui já que, nos últimos dias, a internet tem delirado com a participação do músico porto-riquenho no icónico programa The Tonight Show com Jimmy Fallon. Os dois disfarçaram-se com roupas da década de 1960 e deram um mini-concerto surpresa numa das várias estações de metro da cidade de Nova Iorque, nos Estados Unidos.

Depois de cantarem a música "I Want It That Way" dos Backstreet Boys, retiraram as perucas e revelaram a sua identidade para dezenas de pessoas. No final, Bad Bunny cantou a música do seu novo álbum que faz referência à famosa "Big Apple".

Já durante o programa, Bad Bunny interrompeu o monólogo do apresentador e amigo de longa data e entrou em palco acompanhado de vários músicos que simularam a tradicional "parrenda", uma celebração porto-riquenha alusiva ao Natal e que se prolonga pelo mês de janeiro.

Com "DeBÍ TiRAR MáS FOToS", o sexto álbum da carreira, Bad Bunny tornou-se o primeiro artista latino a alcançar 100 músicas na BillboardHot 100. Já no Billboard 200, uma semana depois do lançamento, o álbum encontrava-se em 2.º lugar da tabela.