Beyoncé e Kendrick Lamar foram os grandes vencedores da 67.ª edição dos Grammys, numa cerimónia que decorreu este domingo, em Los Angeles, e que ficou marcada pelos incêndios naquela região.

O rapper Kendrick Lamar venceu em cinco das sete categorias para as quais estava nomeado, incluindo Gravação do Ano e Música do Ano, com "Not Like Us". O rapper levou ainda para casa os prémios de melhor interpretação rap, melhor canção rap e melhor vídeo musical.

No discurso da vitória, Kendrick Lamar recordou os incêndios na Califórnia e, em particular, os locais do condado de Los Angeles, que considerou "um verdadeiro testemunho" de que a cidade continuará a ser restaurada coletivamente.

Mike Blake

Beyoncé teve uma noite histórica. Pela primeira vez na carreira, a artista norte-americana ganhou o Grammy de Melhor Álbum do ano com "Cowboy Carter" e tornou-se a primeira mulher negra a levar o prémio de Melhor Álbum Country.

"Já lá vão muitos anos", afirmou no domingo à noite Beyoncé, referindo-se ao tempo que esperou para receber a 'joia da coroa' dos prémios das mãos do chefe dos bombeiros de Los Angeles, Anthony Marrone.

Este Grammy faz de Beyoncé a primeira mulher negra em 26 anos a ganhar nesta categoria desde Lauryn Hill em 1999 e a sétima artista a ganhar o prémio para um álbum country.

Com quase 100 nomeações e 35 prémios conquistados, Beyoncé é a artista mais premiada dos Grammy.

Mario Anzuoni

A noite também foi histórica para Chappell Roan, que venceu o Grammy de Artista Revelação, derrotando outros nomeados de uma lista que incluía também Sabrina Carpenter e o rapper Doechii. Numa intervenção poderosa, exigiu que as editoras discográficas dignificassem as condições dos artistas emergentes.

Mario Anzuoni

Além de Beyoncé, Kendrick Lamar e Chappell Roan, Shakira, Billie Eilish, Doechii, Sabrina Carpenter e Charli xcx pontuaram entre as estrelas da noite, que contou com a presença de Will Smith, Stevie Wonder e Janelle Monáe numa homenagem ao falecido e lendário produtor Quincy Jones .

Cerimónia marcada por recados a Trump e incêndios em Los Angeles

A cerimónia, conduzida pelo comediante Trevor Noah pela quinta vez consecutiva, foi recheada de recados políticos dirigidos à nova Administração norte-americana em Washington e marcada particularmente pela memória recente das três semanas de incêndios devastadores na Califórnia.

Shakira dedicou o Grammy para melhor álbum pop latino com o seu 12.º álbum de estúdio, 'Las mujeres ya no lloran', à comunidade imigrante nos Estados Unidos, que a nova Administração norte-americana de Donald Trump trouxe novamente para as manchetes em todo o mundo.

"Quero dedicar este prémio a todos os meus irmãos e irmãs imigrantes deste país. Vocês são amados, vocês valem a pena e eu lutarei sempre convosco e com todas as mulheres que trabalham arduamente todos os dias para fazer avançar as suas famílias", disse a cantora.

Mario Anzuoni

O regresso de Donald Trump à Casa Branca fica marcado pela promessa da maior deportação de latino-americanos da história em solo norte-americano.

Lady Gaga e Bruno Mars homenagearam as vítimas dos incêndios ao interpretarem "California dreamin", uma ode ao Golden State, antes de ganharem o Grammy para melhor atuação em dueto pop por "Die With a Smile".

Gaga aproveitou o microfone para reivindicar os direitos dos transgéneros e o poder da música para unir as pessoas.

Mario Anzuoni

Alicia Keys, que recebeu o Grammy pelo impacto global, referiu-se à ordem executiva assinada por Trump sobre o reconhecimento único de dois géneros: masculino e feminino, deixando de lado a comunidade trans.

"Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI) não é uma ameaça, mas uma dádiva", disse a cantora de 'Empire State of Mind'.

Taylor Swift saiu de mãos vazias, apesar das seis nomeações para o último álbum "The Tortured Poets Department", tal como Billie Eilish, que era uma das favoritas do ano. A britânica Charli xcx ganhou três Grammys por "brat".


- Com Lusa