Activistas angolanos anunciaram nesta Quinta-feira a realização de uma manifestação contra a subida do preço do combustível e dos transportes coletivos no país, agendada para Sábado em Luanda, convidando todos os cidadãos a contestarem a medida governamental.

A denominada Sociedade Civil Contestatária e a Unidade Nacional para Total Revolução de Angola (UNTRA) são os organizadores desta marcha na capital angolana e que está a ser amplamente difundida nas redes sociais.

“Quem cala consente, quem marcha transforma”, é um dos lemas da marcha, cuja concentração está agendada frente ao Mercado de São Paulo e deve seguir até perto da sede da Assembleia Nacional, disse Serrote José de Oliveira, membro da organização.

“O Governo subiu o gasóleo e há previsão de subir também a gasolina até setembro para 1.000 kwanzas (0,93 euros), então, é uma atitude que nós repudiamos e vamos à rua para dizer que não aceitamos essa medida”, afirmou o ativista.

Serrote José de Oliveira, vulgarmente conhecido por “General Nila”, coordenador da UNTRA, criticou as políticas públicas do Governo, que penalizam a vida dos cidadãos, e sinalizou que o país deve registar mais manifestações nos próximos meses contra as medidas do Governo.

“[Essa marcha] é uma forma de chamar atenção, essa será apenas a abertura, porque daqui a [umas] semanas teremos mais uma outra manifestação, para o dia 09 de Agosto”, referiu o ativista.

“General Nila” afirmou que a marcha já foi comunicada ao Governo Provincial de Luanda (GPL) e ao Comando Provincial da Polícia Nacional, exortando os cidadãos a participarem do protesto porque “Angola está de luto”.

Porque “300 kwanzas (0,28 euros) para o táxi é muito, e conforme o [Presidente da República] João Lourenço está a governar [o país], é porque o cidadão angolano aceitou ser escravo, mas é preciso nos levantarmos e discutir os nossos direitos”, defendeu.

O activista criticou a oposição política do país, que disse estar “dominada pelo regime que governa” (MPLA, partido no poder), e salientou que o povo vai marchar em defesa dos seus direitos.

De acordo com uma nota da organização remetida ao GPL e ao Comando da Polícia, a marcha de repúdio da sociedade civil à subida do combustível e ao preço do táxi tem concentração marcada para o largo do Mercado do São Paulo e deve seguir até ao Largo da Maianga, centro de Luanda, a 200 metros da sede do parlamento.

As últimas marchas de protesto em Luanda têm sido reprimidas pela polícia, conforme relatos anteriores de ativistas.

A marcha está a ser convocada também noutras províncias, através de publicações nas redes sociais, constatou a Lusa, e está a ser apoiada por dirigentes de partidos políticos como o Bloco Democrático e o PRA-JA Servir Angola.

A tarifa dos táxis coletivos (vulgo “candongueiros”) passou a ser de 300 kwanzas por viagem (0,28 euros) e a dos autocarros urbanos sobe para 200 kwanzas por viagem (0,19 euros), desde segunda-feira, uma medida contestada em vários círculos sociais e políticos do país.

As novas tarifas, diz a Lusa, entram em vigor na segunda-feira depois do aumento do preço do gasóleo, que passou de 300 para 400 kwanzas por litro (0,28 para 0,37 euros) a partir de 04 de Julho, no âmbito da política de retirada progressiva dos subsídios aos combustíveis.