A agência de notação financeira S&P Global traçou, nesta quinta-feira, o trajeto do Novo Banco desde a sua criação e separação do “BES mau” até agora, com a possível entrada na bolsa de Lisboa à porta. Neste sentido, a S&P Global lembra que, tendo em conta as ofertas públicas iniciais (IPO, na sigla em inglês) da última década feitas por bancos europeus, o Novo Banco pode vir a protagonizar a maior de todas.

Segundo os dados elencados pela agência, o neerlandês ABN AMRO teve o maior processo IPO da década, em 2015, com uma entrada em bolsa de 3,84 mil milhões. A esta seguem-se o AIB Group da Irlanda, cujo IPO ascendeu a 3,43 mil milhões e o austríaco BAWAG Group, de 1,68 mil milhões. O top 10 é completado por outros bancos cujas entradas em bolsa foram abaixo de 800 milhões de euros.

Já o Novo Banco está a ser avaliado entre 5,5 mil milhões e 7 mil milhões, realça a S&P Global, citando a corretora espanhola JB Capital. A agência relembra que o banco se prepara para isto desde fevereiro, “de forma a manter a sua independência após a reestruturação”. O banco já obteve a aprovação dos reguladores para reduzir o seu capital social em 1,1 mil milhões, que vai ser distribuído pelos acionistas. A instituição pode dar a sua entrada em bolsa já no final de junho ou, se as condições do mercado não forem favoráveis, em setembro, como adiantou Mark Bourke no passado.

Ao mesmo tempo que o processo avança, como Bourke revela ao Wall Street Journal, juntam-se os rumores sobre o interesse de outros ‘players’ internacionais, como o espanhol CaixaBank ou o francês Groupe BPCE. A notícia sobre o interesse do dono do BPI foi avançada a semana passada pela Bloomberg. Além destes, a nível nacional, também a Caixa Geral de Depósitos admitiu estar a analisar o Novo Banco.

Sobre o percurso do banco na indústria em Portugal, a agência destaca a evolução do mesmo, tendo ido de um dos bancos mais “falhados” da Europa para uma empresa mais rentável, eficiente e bem-capitalizada do que a maioria dos grandes bancos europeus. Entre os indicadores referidos pela S%P Global estão o ‘return on average equity’, que subiu de 16,7% negativos para 15,8% positivos e o rácio de eficiência, que caiu de 85% para 42%. Também o rácio CET1 teve uma evolução favorável, de 13,6% para 20,3%, bem como a percentagem de créditos problemáticos, que teve uma redução superior a 20 pontos percentuais até ao final de 2024.