
A fintech Revolut, que nasceu no Reino Unido em 2015, pela mão de Nikolay Storonsky e Vlad Yatsenko, é hoje o maior unicórnio – startup privada que vale mais de mil milhões de dólares – europeu, com um valor de 45 mil milhões de dólares (cerca de 38,3 mil milhões de euros), pelo menos segundo a última avaliação conhecida. Segundo a lista de unicórnios da CB Insights, que acumula cerca de 1.200 unicórnios no mundo, a Revolut ocupa a nona posição deste ranking global, liderado pela empresa norte-americana SpaceX, do portefolio de Elon Musk, e que já vale 350 mil milhões de dólares (cerca de 298 mil milhões de euros). O grupo Revolut registou lucros de 934 milhões de euros em 2024, mais do dobro face aos 395 milhões de euros de 2023. O banco, que se autodefine como uma superapp financeira, tem mais de 55 milhões de clientes e mais de 10 mil trabalhadores em todo o mundo.
Atualmente, a Revolut tem 1,8 milhões de clientes particulares em Portugal e, segundo Rúben Germano, com o IBAN português e os novos serviços associados “o ritmo vai acelerar”.
A Revolut acaba de anunciar que tem, a partir de hoje, uma sucursal em Portugal e que disponibiliza um IBAN (número de conta bancária) nacional. À agência Lusa, Rúben Germano, responsável pela operação portuguesa, disse que a Revolut quer ser o terceiro banco em clientes no prazo de três anos. “Nós queremos estar no top três nacional, é uma ambição”, disse. A empresa já tinha presença em Portugal, mas não divulga nem o volume de negócios, nem o resultado líquido nem o investimento da operação no nosso país. Sabe-se que temcerca de 1.500 trabalhadores em território nacional.
Até hoje, a Revolut operava em Portugal ao abrigo do regime de livre prestação de serviços desde a Lituânia. A partir de agora, passa a ter sucursal em Portugal, continuando esta dependente do banco da Lituânia (o Revolut Bank UAB, razão pela qual os depósitos continuam protegidos pelo fundo de garantia lituano). Atualmente, a Revolut tem 1,8 milhões de clientes particulares em Portugal e, segundo Rúben Germano, com o IBAN português e os novos serviços associados “o ritmo vai acelerar”.
Como será feito o crescimento em Portugal
O responsável da Revolut em Portugal explicou à Lusa que com a sucursal portuguesa e o IBAN português fica facilitado o acesso a serviços como a domiciliação de ordenado e débitos diretos (atualmente há empresas que não permitem estes serviços em contas com IBAN estrangeiro), serviços que identifica como fundamentais para o cliente bancário português. Com estas alterações, a Revolut passa a estar inserida no sistema de pagamentos português, fazendo integração com sistemas Multibanco e MB Way. “Isto é importantíssimo, com o IBAN português vamos conseguir estar em mais momentos do dia a dia do cliente, ser a conta principal do cliente”, disse, considerando que até agora, sem esses produtos financeiros, a Revolut não conseguia ser. A Revolut irá ainda lançar uma conta de depósitos com juros diários.
Não há previsão para a Revolut entrar no segmento do crédito à habitação em Portugal, serviço que já disponibiliza na Irlanda e na Lituânia.
Contudo, para já, o processo de migração dos clientes existentes para a sucursal portuguesa será gradual ao longo das próximas semanas e algumas funcionalidades (como Multibanco) só estarão disponíveis depois de a migração estar concluída. Questionado sobre crédito à habitação, Rúben Germano afirmou que não há previsões para a Revolut fazer esses empréstimos em Portugal. O grupo apenas está a conceder esse crédito na Irlanda e na Lituânia, avaliando como o mercado se comporta antes de decidir se expande para outros países.
“Neste momento ainda estamos a aprender com o produto. Não temos já previsto [para Portugal]. Mas sabemos que é um produto importantíssimo no mercado português. Acho que quando tivermos todos os produtos que vamos lançar neste mês e meio, é só esse [crédito à habitação] que nos falta”, afirmou. Sobre empresas, a Revolut ainda não trabalha com esse segmento de clientes em Portugal.
(Com Lusa)