O Reino Unido rejeitou apoiar a criação de um banco multilateral de defesa, iniciativa que visa mobilizar 126 mil milhões de euros para financiar projetos militares à escala global. O anúncio foi feito pelo Tesouro britânico em declarações à Reuters.

A proposta para o Banco de Defesa, Segurança e Resiliência (DSRB, na sigla em inglês) foi apresentada no ano passado por antigos conselheiros da NATO, altos oficiais militares britânicos reformados e banqueiros. O objetivo é constituir um banco internacional de defesa, com notação de crédito triplo A, capaz de financiar projetos em países com menos acesso a crédito em condições vantajosas.

Em comunicado à Reuters, o Ministério das Finanças britânico deixou claro que Londres não pretende participar: “As propostas do DSRB não são apoiadas pelo governo britânico, e os representantes destas ideias não representam o governo nem nenhum dos seus ministros. O Reino Unido não tem planos para aderir a esta iniciativa.”

A decisão antecede uma reunião agendada para segunda-feira, na City de Londres, que contará com representantes de 41 países, incluindo Alemanha, Japão e Estados Unidos. Segundo o DSRB, mais de 35 países da NATO, da União Europeia e da região Indo-Pacífico – entre eles todos os membros do G7 – já confirmaram presença. “Esta forte adesão demonstra o vasto interesse internacional em explorar novos mecanismos financeiros para reforçar a defesa, a segurança e a resiliência”, afirmou a organização.

Apesar do entusiasmo internacional, fontes governamentais britânicas citadas pela Reuters manifestaram reservas quanto à utilidade do projeto para os objetivos de Londres, nomeadamente aumentar a eficiência da despesa em defesa e reforçar a cooperação com aliados.

O DSRB procura afirmar-se como alternativa mais ambiciosa a iniciativas já existentes, como o esquema de empréstimos SAFE da União Europeia, no valor de 150 mil milhões de euros, e as garantias reforçadas oferecidas pelo Banco Europeu de Investimento.

Em agosto, a instituição já tinha garantido o apoio de bancos privados como Commerzbank, ING, JP Morgan, LBBW e RBC Capital Markets, numa tentativa de reforçar a credibilidade do projeto junto da comunidade financeira internacional.

“Não podemos enfrentar os desafios de segurança de hoje com as ferramentas financeiras de ontem”, afirmou Mark Pieter de Boer, diretor comercial do ING na altura. “Como grande banco europeu, apoiamos as sociedades em que operamos. Claramente, existe agora uma maior necessidade de financiamento para atividades de defesa centradas na proteção da Europa. O Banco de Defesa, Segurança e Resiliência é o tipo de iniciativa ousada e coordenada que acreditamos que a Europa e os seus aliados necessitam urgentemente. O ING orgulha-se de apoiá-lo”, acrescentou.