A cerca de um mês para o Natal, muitos consumidores estão preocupados com o preço dos produtos típicos da época. Um dos exemplos é o bacalhau, cuja procura tem diminuído, principalmente por causa dos preços altos.
Em Ílhavo, conhecida como terra de bacalhoeiros, os comerciantes afirmam que as vendas são concentradas quase exclusivamente no período natalício. Este ano, os preços estão ainda mais elevados do que no ano passado, o que dificulta ainda mais o negócio.
Na loja local especializada, o bacalhau continua a ser chefe, com opções para todos os gostos e bolsos. No entanto, levar um bacalhau de alta qualidade, como os da Islândia ou Noruega, pode custar entre 150 e 170 euros.
O dono da loja começou a fazer stock bacalhau já em junho, sabendo que a procura aumenta consideravelmente no Natal. Apesar do esforço, José, o comerciante, acredita que, dentro de alguns anos, a venda de bacalhau pode até desaparecer.
O ritmo de vendas cresce significativamente no início de dezembro e atinge o pico até ao Natal. Neste curto período, a loja espera vender entre 10 e 12 toneladas de bacalhau. Mas, após as festas, a procura cai drasticamente, e nos primeiros três meses do ano, o comércio de bacalhau para.
Produção da couve do Natal em alta
No mundo rural, longe dos grandes centros urbanos, a produção diária garante a chegada de produtos frescos aos mercados. Nesta época, a chamada "couve do Natal" está em plena produção. Se o tempo colaborar, o preço deve manter-se estável, sem grandes alterações.
Na freguesia do Ferro, no concelho da Covilhã, Maria e Daniel, mãe e filho, cuidam de cerca de cinco hectares de terras dedicadas ao cultivo de hortícolas. As couves plantadas em setembro crescem protegidas em estufas, longe das intempéries, garantindo uma boa qualidade.
A produção desta família é direcionada tanto para mercados locais quanto para grandes superfícies comerciais. Por enquanto, a couve do Natal está a ser vendida por pouco mais de 1,50 euros o quilo. O preço poderá subir para cerca de 2 euros, um valor que não difere muito do praticado no ano passado.
A diferença no preço dos hortícolas, no entanto, é mais percetível entre o verão e o inverno, quando os custos de produção aumentam, com influência no valor final para o consumidor. Apesar disso, mesmo com os crescentes custos, Maria e Daniel afirmam que o trabalho no campo continua a compensar.
Setor dos frutos secos em expansão em Portugal
Com a proximidade do Natal, a procura por frutos secos já começou a aumentar. Em Portugal, a produção tem crescido significativamente, especialmente no Alentejo, graças à expansão das áreas de regadio. O crescimento coloca o país em posição de se tornar um dos maiores produtores mundiais, particularmente no cultivo da amêndoa.
Frutos como nozes, castanhas, avelãs e dióspiros estão entre os mais vendidos nesta época do ano. Apesar da elevada qualidade da produção deste ano no Alto Alentejo, especialmente no caso das nozes e castanhas, Paula Barbas, produtora e comerciante, decidiu não mexer nos preços.
O setor está em franca expansão a nível nacional. O destaque vai para a amêndoa, que representa metade da produção nacional e é impulsionada pelo aumento das áreas de regadio no Alentejo.
Grande parte da produção destina-se ao mercado europeu e tem aproveitado a redução na oferta de países como os Estados Unidos e da América do Sul nos últimos anos. O investimento no setor de frutos secos, especialmente na amêndoa, tem mostrado resultados positivos para os produtores portugueses.