Paulo Sousa, que esteve hoje a ser ouvido pelos deputados da Comissão Parlamentar de Trabalho, Segurança Social e Inclusão, por causa do plano de reestruturação, afirmou que o plano "pretende ser um instrumento que permitisse desde já atuar e pôr em marcha um conjunto de medidas para responder a necessidades concretas".
"O nosso plano, como aliás, é do vosso conhecimento, uma vez que ele foi em tempo partilhado com os serviços da Assembleia da República, não prevê nenhum despedimento", garantiu o provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML).
Afirmou, por outro lado, que se trata de "um plano que prevê o respeito pelas pessoas da Santa Casa".
"Respeito esse que deveria ter existido também durante estes muitos anos em que prestam o seu melhor serviço a esta instituição", apontou, criticando "o desinvestimento que esta organização fez nas mais diversas áreas, mas também nas suas pessoas".
Na opinião de Paulo Sousa, esse desinvestimento notou-se tanto na falta de formação, como na "falta de retribuição adequada" ou na falta de desafio profissional, sublinhando que "é difícil estruturar uma mudança quando os custos com recursos humanos são mais de 160 milhões de euros e ultrapassam mais de 60% daquilo que são as receitas da Santa Casa".
Apontou que se trata de "um desafio relevante", mas que não é impossível e deixou a garantia de que a sua forma de estar na instituição "é de respeito por todas as pessoas" com quem trabalha.
"Não será seguramente comigo que existirá qualquer tipo de intimidação a trabalhadores, coação, alienação, todos aqueles adjetivos que quisermos usar e gostava de esclarecer que o plano de pré-reformas foi criado, foi comunicado a todos os trabalhadores e o seu regulamento foi publicado", afirmou Paulo Sousa.
Sobre essa matéria, disse que "aderiram aqueles que entenderam que esse era um bom instrumento de gestão da sua vida profissional" e que durante a duração do plano, entre 10 de outubro e 15 de novembro, aderiram 32 trabalhadores, que "estão neste momento a formalizar os seus contratos com a Santa Casa".
Acrescentou que o plano de reestruturação prevê que, no global, 208 trabalhadores adiram ao programa de pré-reformas até 2027.
Alertou que um dos problemas da SCML é o facto de ter uma "pirâmide etária invertida com uma base muito pequena", em que os trabalhadores entre os 20 e os 25 anos representam apenas 1% do total de funcionários.
Sobre a passagem à reforma dos trabalhadores mais velhos, Paulo Sousa disse que estão previstas 244 reformas até 2025, sendo que durante o ano de 2024 já se reformaram 72 pessoas.
"Com estranheza, verifiquei que na Santa Casa existiam trabalhadores com contrato com idade muito avançada, para além daquilo que é a idade normal em Portugal para reforma, portanto, até trabalhadores com mais de 80 anos de idade", contou, defendendo que "isto não pode acontecer".
Questionado sobre o plano de reestruturação da antiga provedora Ana Jorge, Paulo Sousa afirmou que não lhe cabe fazer qualquer tipo de julgamento sobre os que o antecederam, muito menos político, mas admitiu ter encontrado apenas um documento com "medidas de sustentabilidade financeira".
De acordo com o provedor, pela primeira vez a instituição passou a ter um programa e um regulamento que determina como é que pode ser feito o investimento e o desinvestimento e pela primeira vez há uma comissão técnica independente que emite pareceres obrigatórios sobre todos os investimentos.
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