
Os 50 anos da independência de Moçambique estão a ser marcados pela realização de seminários, simpósios e colóquios e outros eventos de destaque que têm por finalidade lembrar os avanços e recuos deste meio século de existência desta nação do ìndico.
Um dos desafios da actualidade, apontados por diversas personalidades no país e pelo Governo, é a independência económica, num contexto em que quase 6% do Orçamento do Estado depende de donativos e crédito de outros países, bancos e instituições internacionais.
Outro aspecto evidente de dependência económica é que o país possui recursos naturais em grandes quantidades, como o gás natural, o carvão mineral, pedras preciosas, terra arável, uma costa intensa, entre outros, mas mesmo assim, grande parte dos produtos e serviços que consome, incluindo os produtos alimentares, são importados de outros países, como a vizinha África do Sul.
Diante do actual cenário, o Governo definiu no seu Plano Económico e Social e Orçamento do Estado de 2025 alguns alicerces estratégicos para o alcance da independência económica. Para alcançar a autossuficiência, por exemplo, o Executivo compromete-se em aumentar a produção e a produtividade, em estabelecer infra-estruturas de base logística, em substituir importações por exportações e em explorar o conteúdo local.
Para diversificar a economia, que é fortemente dependente da indústria extractiva, hoje em dia dominada pelo capital estrangeiro, o Governo de Daniel Chapo pretende alocar recursos em áreas estratégicas, diversificar a base produtiva e mobilizar recursos para investimento. E para controlar os recursos naturais, o Executivo pretende avançar com a renegociação dos contratos de exploração dos recursos e intensificar a fiscalização da exploração do espaço marítimo e terrestre.
Tais desafios são antigos e muito bem conhecidos pelos moçambicanos. O que na verdade falta é ultrapassá-los, para que a pobreza e as desigualdades sociais registem uma redução significativa.
Para o nacionalista Amós Mahanjane, a luta pela independência económica deve ser liderada pelos jovens. No seu entender, este grupo etário possui energia e força para definir estratégias para o desenvolvimento do país, à semelhança daqueles que no passado lutaram contra o colonialismo português.
Por sua vez, Graça Machel, esposa do primeiro presidente de Moçambique, Samora Machel, que foi quem proclamou a independência nacional, diz que a maior conquista do país é a independência e, por isso, os 50 anos da efeméride devem ser celebrados.
No entender da também ex-ministra da Educação, meio século depois, os jovens devem sonhar mais diante deste bem maior. Graça Machel lembra que há 50 anos, era raro ver uma mulher a levantar-se para falar, o que nos dias de hoje mudou.
Graça recorre ainda a uma passagem do hino nacional para explicar que com “milhões de braços e uma só força, o país vai sempre vencer”. Diz que enquanto o Governo faz a sua parte, cada braço dos moçambicanos deve estar em condições para erguer a nação.
Sobre os desafios da actualidade, Margarida Talapa, presidente da Assembleia da República, o Parlamento moçambicano, apela, por sua vez, à união e coesão da sociedade para que o país continue a ter cenários de desenvolvimento.
Quem também comenta sobre a independência económica, é a primeira-ministra, Benvinda Levi. Avança que esta deve resultar do trabalho. Para que tal seja uma realidade, advoga assim que cada moçambicano deve assumir a sua responsabilidade no desenvolvimento.