
O Banco Central Europeu (BCE) vai “manter-se uma âncora de estabilidade num momento de incerteza”, assegurou nesta segunda-feira a sua presidente, Christine Lagarde, dia em que a entidade apresentou a sua revisão estratégica.
Na apresentação desta revisão em Sintra, onde decorre o Fórum BCE até quarta-feira, Lagarde deixou a mensagem de que neste novo ambiente há “muitas razões para preocupação, mas uma coisa que não é preciso recear é o compromisso [do BCE] com a estabilidade de preços”.
Nesta revisão, o BCE decidiu manter a meta de inflação nos 2%, considerando que “o Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC) permanece a medida dos preços adequada”. No entanto, no comunicado sobre esta revisão, salienta-se a necessidade da inclusão dos custos da habitação ocupada pelo proprietário na contabilização da inflação, algo que o gabinete de estatísticas europeu ainda não faz, mas os governadores têm em conta.
O BCE inscreveu ainda nesta avaliação a “importância da tomada de medidas de política monetária adequadamente vigorosas ou persistentes em resposta a grandes desvios sustentados da inflação face ao objetivo, em ambos os sentidos, com vista a evitar que os desvios se enraízem através de uma desancoragem das expectativas de inflação”. Esta consideração é válida tanto para choques desinflacionistas significativos, onde “é preciso ter em conta o limite inferior efetivo das taxas de juro nominais”, como para choques inflacionistas, quando “é necessário considerar possíveis não linearidades na fixação de preços e salários”.
Para Lagarde, estas atualizações “asseguram que a ‘caixa de ferramentas’ se mantém apropriada”, tendo em conta que as “mudanças estruturais sugerem que o ambiente vai manter-se incerto e mais volátil”. Ainda na ótica da “caixa de ferramentas”, a presidente reforçou a necessidade de ter em conta a questão das alterações climáticas. Lagarde destacou que, em 2021, este tema não reuniu um largo consenso relativamente à sua presença nos fatores a considerar. Contudo, volvidos quatro anos, não houve dúvidas de que é um peso a ter em conta nas análises do banco central.
A próxima revisão desta estratégia está agendada para 2030. Questionada sobre se estas deviam ser mais frequentes, Lagarde ironizou que a equipa teria “um ataque” caso fosse anual. A presidente do BCE explicou que esta estratégia tem uma equipa de 200 especialistas por detrás e que, portanto, pensar num exercício deste tamanho com essa regularidade é impossível.
LAA com Agência Lusa