
O novo relatório European Economic Outlook – Spring 2025, elaborado pela KPMG, projeta uma recuperação económica ligeira na Europa, marcada por disparidades significativas entre países e setores. A Zona Euro deverá registar um crescimento modesto do Produto Interno Bruto (PIB), estimado em 0,9% para 2025 e 1,1% em 2026, refletindo um cenário de fraca dinâmica económica. Esta média, contudo, inclui realidades muito distintas: se, por um lado, há economias como a Espanha, a Polónia e a Irlanda que beneficiam de uma forte procura interna, de investimentos estratégicos e de mercados de trabalho resilientes, por outro, há países como a Alemanha, a França e a Itália que enfrentam constrangimentos estruturais e fiscais que limitam o seu potencial de crescimento.
Portugal integra o grupo de países com previsão de desempenho positivo em 2025 e 2026. Este ano, de acordo com as projeções da KPMG, prevê-se um crescimento do PIB de 1,7%, valor que deverá subir para 2,3% no próximo ano.
“A evolução da economia europeia está, neste momento, dependente de vários fatores, desde a relação comercial com os EUA e a forma como a Europa reagirá à evolução das tarifas sobre bens da UE, até ao impacto dos vários conflitos à escala global. Há várias oportunidades que poderão surgir deste contexto, nomeadamente a expansão do comércio europeu para novas regiões mundiais, a criação de novas fontes de investimento e a reformulação de algumas cadeias de valor e de abastecimento”, afirma Miguel Afonso, Partner de Clients & Markets da KPMG Portugal.
O documento salienta que o ambiente económico europeu continua a ser pressionado por um conjunto de incertezas geopolíticas — incluindo as tensões comerciais com os EUA, políticas industriais fragmentadas e alguma volatilidade no setor energético. Estes fatores contribuem para a perda de competitividade de algumas economias e afetam negativamente o ambiente empresarial. Ainda assim, a inflação tem vindo a diminuir, o que poderá abrir espaço para cortes adicionais nas taxas de juro, favorecendo gradualmente o consumo das famílias. Mesmo assim, a recuperação do consumo permanece desigual, com elevadas taxas de poupança a limitarem o impacto expansivo do aumento do rendimento disponível em vários países.
Adicionalmente, o relatório sublinha que a resiliência da Europa será posta à prova num contexto de fragmentação económica, aumento da despesa com defesa e de uma potencial escalada de tarifas comerciais, sobretudo nos setores farmacêutico e automóvel. Para as empresas, compreender estas dinâmicas nacionais torna-se essencial para antecipar riscos e identificar oportunidades de negócio num continente em constante transformação económica.