
O Governo, em conferência de imprensa, anunciou nesta quinta-feira que o novo governador do Banco de Portugal é Álvaro Santos Pereira. Nomeação chega quase uma semana após o mandato de Mário Centeno, atualmente no cargo, ter terminado o seu mandato.
Santos Pereira é atualmente economista-chefe da OCDE, cargo destacado pelo ministro da Presidência, António Leitão Amaro. “Doutorado e com uma carreira académica internacional, é hoje economista principal de uma das principais organizações da economia mundial”, defende Leitão Amaro. O ministro realça ainda que Santos Pereira sucedeu por “mérito próprio” e com um “caminho próprio” e é conhecedor da economia internacional e nacional, bem como do sistema financeiro.
Questionado sobre a não recondução do atual governador do banco central, Leitão Amaro recusou-se a comentar o desempenho de Mário Centeno enquanto governador, e justificou apenas que Álvaro Santos Pereira “é melhor”. “Por ser independente, não vem de dentro do banco nem do Governo”, sublinha, reforçando novamente o seu mérito e percurso pessoal, especialmente dentro da OCDE.
Sobre a independência do banco central face ao partido no poder, o ministro reforça que Álvaro Santos Pereira não é governante há mais de uma década, não é membro de um partido nem sai diretamente de um Governo para a liderança do Banco de Portugal. Aqui, o membro do executivo recorda que o Governo sempre defendeu que esta última situação não deve acontecer.
Sobre a demora do anúncio da decisão, o ministro da Presidência refere que o processo decorreu dentro da “normalidade”, deixando para o final do mandato do governador a comunicação desta nomeação. Em relação às regras que restringem o número de pessoas elegíveis para o cargo, o governante adianta que o executivo não tem em vista alterações.
Leitão Amaro recusou-se a comentar nomes especulados até agora, como Ricardo Reis e Vítor Gaspar.
O novo governador foi também ministro da Economia no governo de Pedro Passos Coelho, entre 2011 e 2013.
Esquerda relembra ministro da ‘troika’, direita tece elogios
As reações por parte dos partidos políticos não tardaram. À esquerda surgiram as críticas esperadas sobre a sua ligação aos tempos da austeridade, com o Livre, PCP e PAN a reiterarem que não é bom sinal nem os portugueses querem tal coisa.
Do lado oposto, o PSD e o CDS congratulam a escolha, salientando o currículo de Santos Pereira e o “mérito próprio”, como havia referido Leitão Amaro. Também a Iniciativa Liberal reagiu de forma positiva ao percurso do novo governador, considerando que é um progresso a saída de cena de Centeno. Contudo, os liberais reforçam a sua vontade de ver o cargo ser escolhido por via de um concurso público internacional.
Nomeação foi anunciada em conjunto com a do novo presidente da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões, Gabriel Bernardino.
Os dois nomeados devem agora passar por audições no Parlamento antes de assumirem as suas funções.