
A Corticeira Amorim fechou 2024 com uma quebra de 21,6% nos lucros face ao ano anterior, para os 69,7 milhões de euros, a refletir “o aumento dos encargos financeiros decorrentes do maior endividamento médio”, refere o grupo no comunicado de apresentação de resultados do último exercício, divulgado esta quinta-feira.
As vendas caíram 4,7%, para 939,1 milhões de euros.“O contexto adverso do mercado, com impactos significativos nos volumes, condicionou significativamente a evolução das vendas”, diz a empresa líder mundial na transformação de cortiça.
Esta contração nas vendas afetou todas as unidades de negócio com exceção da Amorim Cork Composites, com um crescimento de 2,7% , indica o grupo liderado por António Rios Amorim que vai propor o pagamento de um dividendo bruto total de 0,32 euros por ação.
Dívida líquida diminui 45 milhões
O EBITDA consolidado atingiu 157,6 milhões de euros (-11%) enquanto a margem EBITDA se cifrou em 16,8% (18,0% em 2023), “penalizada sobretudo pelos efeitos dos menores níveis de atividade, do aumento dos preços de consumo de matérias-primas e da qualidade da cortiça de alguns lotes trabalhados”, refere o comunicado.
Quanto à dívida remunerada líquida, ascendia a 195,7 milhões de euros no final de dezembro, o que representa uma redução de 45,2 milhões face a 2023 (240,8 milhões de euros), “impactada favoravelmente pela redução das necessidades de fundo de maneio (16,4 milhões) e pela venda da Timberman (18,9 milhões).
A administração destaca, ainda, “o contributo positivo para a rentabilidade decorrente de maiores eficiências industriais, de melhoria do mix e de menores custos de matérias-primas não cortiça” num exercício em que as vendas da Amorim Cork (rolhas) totalizaram 732,3 milhões de euros, 76% do total do grupo.
“Otimismo” para 2025
No comentário aos resultados, António Rios Amorim, presidente da Corticeira, sublinha que “num contexto de mercado desfavorável, com acrescida incerteza e volatilidade, a resiliência da Corticeira Amorim e a contínua ação visando a melhoria da eficiência operacional e a otimização do mix, revelaram-se determinantes em 2024”.
Nos destaques do ano, o gestor fala da aquisição da Intercap S.r.l., especializada na produção de cápsulas de surbouchage (cápsula metálica no cimo da rolha) para espumantes e vinhos tranquilos, a reforçar “competências e a abrangência da oferta no segmento de vinhos espumantes”.
Destaca ainda a reorganização do negócio “não rolhas” numa única Unidade de Negócio, a Amorim Cork Solutions, “potenciadora de sinergias a todos os níveis”, e a “adoção de um novo modelo de distribuição nos revestimentos, privilegiando uma rede internacional de distribuidores em detrimento de empresas de distribuição próprias, o que implicou a alienação da participação detida na Timberman Denmark A/S”.
“Encaramos com otimismo o ano de 2025, que se afigura igualmente desafiante. (...) Após dois anos consecutivos de forte inflação da matéria-prima cortiça, o resultado da campanha de 2024 foi mais favorável. O negócio “rolhas” deverá continuar condicionado pela evolução do consumo global, mas as melhorias do mix de produto, as iniciativas de melhoria da estrutura de custos e ganhos de eficiência operacional deverão traduzir-se em aumentos de rentabilidade”, afirma.
O novo modelo organizativo da Amorim Cork Solutions "deverá fortalecer o negócio “não rolhas”, garantindo uma maior flexibilidade operacional, otimizando os ativos existentes e potencializando a valorização da cortiça como matéria-prima de referência”, assume.