No final de cada mês, especialmente em Luanda, é comum observar-se um cenário repetitivo: longas filas que se formam nos caixas electrónicos (ATMs) para fazer levantamentos em dinheiro. Este problema, que atravessa todas as províncias, revela uma forte dependência do numerário, aliada à reduzida adesão aos pagamentos digitais, gerando insatisfação dos utilizadores e sobrecarga tecnológica e operacional no sector bancário angolano.

Apesar de estar estimado um crescimento significativo de cerca de 25,94%, até 2029, no número de ATMs, não será suficiente para resolver a este congestionamento, sobretudo considerando que, de acordo com o Worldometer, a população angolana está a crescer a uma taxa anual de cerca de 3.05%. Em termos absolutos, o crescimento anual da população foi de aproximadamente 1.15 milhões de pessoas entre 2024 e 2025. Esse crescimento constante implica uma demanda crescente por serviços financeiros, especialmente em numerário, mantendo as filas como um problema persistente.

Principais desafios da dependência do dinheiro físico

Economia informal:

Aproximadamente 41% do Produto Interno Bruto (PIB) angolano é gerado pela economia informal, onde uma grande fatia da população realiza transacções maioritariamente em numerário. Este contexto limita severamente a eficiência do sistema bancário e amplifica as filas nos ATMs.

Uso indevido dos ATMs:

Frequentemente realizam-se múltiplos levantamentos utilizando diversos cartões, o que rapidamente esgota os fundos disponíveis nos ATMs. Essas práticas, além de injustas, provocam transtornos graves, reduzindo a eficiência do sistema de distribuição de numerário.

Baixa adopção digital:

A resistência à utilização dos serviços digitais decorre principalmente da desconfiança em relação à segurança dessas operações e da falta de literacia digital da população em geral, limitando drasticamente a eficácia das actuais soluções tecnológicas disponibilizadas pelos bancos.

Neste contexto, a transformação digital surge como uma resposta eficaz e imprescindível, especialmente com o uso de tecnologia já comprovada internacionalmente e adaptada às necessidades locais. Estamos a falar dos  terminais POS móveis, uma tecnologia prática e acessível, ideal para pequenos comerciantes informais, permitindo reduzir custos operacionais e facilitar transacções rápidas sem a necessidade de numerário constante. Há também as  plataformas digitais USSD, que são soluções como as utilizadas na Zâmbia, África do Sul e Uganda, para transacções seguras e eficientes sem necessidade de internet. São especialmente valiosas em contextos onde a conectividade é limitada ou inexistente.

A transformação digital, além de uma oportunidade, é uma necessidade imediata e estratégica para o sistema financeiro.

Imagine-se um vendedor informal num mercado de Luanda que passa a aceitar pagamentos digitais via telemóvel, usando códigos simples sem necessidade de internet. Em pouco tempo, observa que há um aumento de vendas, uma redução significativa dos riscos associados ao numerário, e melhorias claras na gestão financeira diária. Este cenário já pode tornar-se realidade actualmente, graças a soluções tecnológicas maduras e acessíveis no mercado nacional.

 As instituições financeiras que aderirem rapidamente a estas tecnologias vão posicionar-se estrategicamente à frente da concorrência, beneficiando de uma eficiência operacional comprovada. Há estudos internacionais que revelam que as instituições que investem na digitalização conseguem reduzir custos operacionais em até 40% .

Para que haja uma adesão efectiva, é imprescindível investimento e incentivos governamentais claros e atractivos, especialmente direccionados para os pequenos comerciantes informais. Incentivos fiscais, subsídios para aquisição de tecnologia e campanhas massivas de alfabetização financeira digital são exemplos concretos que podem acelerar significativamente esta transição digital.

O futuro próximo será marcado pela digitalização intensa dos serviços financeiros. As empresas que apostarem desde já em soluções tecnológicas robustas estarão mais preparadas para  satisfazer as necessidades crescentes do mercado, garantindo paralelamente sustentabilidade e liderança estratégica.

É essencial que gestores e decisores estejam atentos a tecnologia que ofereça soluções comprovadas, com infra-estruturas sólidas e capazes de gerar resultados rápidos e eficazes. A transformação digital, além de uma oportunidade, é uma necessidade imediata e estratégica para o sistema financeiro. Empresas tecnológicas sólidas, com capacidade comprovada no mercado nacional, são parceiros essenciais para alcançar rapidamente estes objectivos e para garantir uma economia mais eficiente, segura e inclusiva.