
O Banco Central Europeu (BCE) vai introduzir um “fator climático” nas garantias prestadas por sociedades não financeiras quando recorrem a operações de refinanciamento no Eurosistema. Esta medida, anunciada nesta terça-feira, visa refletir as preocupações do BCE relativamente às alterações climáticas e ao impacto que estas possam ter no valor das garantias envolvidas nesse tipo de operações.
A preocupação com o clima tem vindo a ganhar relevância junto da autoridade de supervisão, que já alertou as instituições financeiras de que, nos próximos testes de esforço (stress tests), terão de incluir este fator ao avaliarem o impacto de cenários adversos nos seus balanços.
“O Conselho do BCE decidiu introduzir um ‘fator climático’ que poderá reduzir o valor atribuído aos ativos elegíveis entregues em garantia, consoante o grau em que um ativo possa ser afetado por estas incertezas. Esta medida funcionará como um amortecedor face ao possível impacto financeiro das incertezas associadas às alterações climáticas”, refere o BCE em comunicado, acrescentando que este fator “complementará o conjunto de instrumentos de gestão de risco já existentes no Eurosistema, tendo em conta análises prospetivas de cenários climáticos e, assim, melhorará a resiliência da execução da política monetária do Eurosistema. A calibração da medida preservará a disponibilidade adequada de garantias”.
A medida deverá ser implementada no segundo semestre de 2026 e será revista regularmente pelo Conselho do BCE, de forma a refletir a crescente disponibilidade de dados e modelos, bem como os desenvolvimentos regulamentares relevantes e os avanços nas capacidades de avaliação de risco.