
O Ministério do Comércio chinês disse em comunicado que os Estados Unidos "têm abusado das tarifas sobre os parceiros comerciais sob a bandeira da 'reciprocidade'" e "forçaram todas as partes a manter negociações" com Washington.
O ministério afirmou que "respeita os esforços de todas as partes para resolver as diferenças económicas e comerciais com os Estados Unidos através de consultas justas", mas acrescentou que devem "adotar uma postura de equidade, justiça e correção histórica" e "defender as regras económicas e comerciais internacionais e o sistema comercial multilateral".
O ministério acusou os EUA de "promoverem uma política hegemónica e de implementarem uma intimidação unilateral no domínio económico e comercial", advertindo que "o apaziguamento não trará a paz" e que "os acordos não serão respeitados".
O organismo criticou a procura de "pretensas isenções à custa dos interesses dos outros para proveito próprio e temporário" e avisou que esse comportamento "acaba por não beneficiar nenhuma das partes".
"Ninguém pode ficar imune ao impacto do unilateralismo e do protecionismo", afirmou o ministério, acrescentando: "Quando o comércio internacional voltar à 'lei da selva', em que os fortes se aproveitam dos fracos, todos os países se tornarão vítimas".
A China está disposta a "fortalecer a solidariedade e a coordenação com todas as partes e trabalhar para resistir conjuntamente contra o 'bullying' unilateral", afirmou a pasta.
A guerra comercial desencadeada por Trump intensificou-se a 02 de abril, com o anúncio de "tarifas recíprocas" para o resto do mundo, uma medida que mais tarde retificou face à queda dos mercados e ao aumento do custo de financiamento da dívida dos EUA.
Mas enquanto suavizava a ofensiva contra a maioria dos países, aplicando uma tarifa generalizada de 10%, Trump decidiu aumentar as taxas sobre a China para 245%, por ter respondido com tarifas de retaliação.
Entretanto, Pequim aumentou as suas tarifas sobre os produtos norte-americanos para 125%.
Os EUA decidiram isentar muitos produtos eletrónicos chineses das tarifas, embora Trump tenha anunciado a aplicação de taxas sobre semicondutores "num futuro próximo".
Trump disse na quinta-feira que dentro de "três a quatro semanas" poderão ter chegado a acordos tarifários com os seus parceiros e indicou que a sua administração já está a falar com representantes chineses numa tentativa de chegar a um acordo também com Pequim.
A China apenas reconheceu, através do seu ministério, que mantém uma "comunicação constante a nível de trabalho" com os seus homólogos norte-americanos, sublinhando que Pequim está "aberta a consultas" com Washington se estas se basearem no "respeito mútuo".
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