
Foi o aumento do volume de negócios em nove mil milhões de euros que permitiu à Caixa Geral de Depósitos (CGD) manter o nível de lucros registado no primeiro semestre de 2024. São 893 milhões de euros, mais quatro milhões do que no período homólogo do ano passado. A margem financeira reduziu-se em 10%, consequência direta da descida das taxas de juro, revelou nesta quarta-feira o banco público em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
Em conferência de imprensa de divulgação dos resultados realizada nesta quarta-feira, o presidente executivo do banco público destacou a nova constituição do Conselho de Administração (executivo e não executivo), chamando a atenção para o facto de integrarem aquele órgão “quatro ou cinco CEO ou antigos chairman, com 14% dos elementos a terem uma experiência longa no setor bancário”.
Paulo Macedo não quis deixar passar a oportunidade de, ao contabilizar os impostos pagos pela CGD em IRC, clarificar que “a CGD vai entregar 2,5 milhões de euros por dia ao Estado em impostos”.
António Valente, CFO da CGD, adiantou, na mesma conferência de imprensa que, pela primeira vez na sua história, o banco público ultrapassou a fasquia dos 100 mil milhões de euros na captação de recursos, no primeiro semestre do ano.
Relativamente ao equilíbrio do balanço, aquele responsável destacou a estratégia do banco, que passa pela recuperação de créditos e reversão de imparidades, em vez da venda de carteiras de malparado. No primeiro semestre, a CGD conseguiu recuperar 37 milhões de euros em créditos dados como perdidos e eliminar 29 milhões em garantias que já não se justificavam.
O CFO admitiu que as provisões constituídas para fazer face às crises da Covid-19 e da invasão da Ucrânia pela Rússia foram agora revertidas, o que irá reforçar o balanço da CGD.
Nas contas da CGD ,as comissões subiram 0,4%, uma vez que a política do banco público é isentar vários clientes da cobrança relativamente a operações realizadas em território nacional.
No crédito à habitação, a CGD continua a consolidar a sua posição de liderança, com os novos empréstimos a atingirem os 2,6 mil milhões de euros — mais mil milhões do que no período homólogo —, o que representa um crescimento de 63%.
Nos primeiros seis meses do ano, a carteira de crédito a clientes aumentou cerca de 2,3 mil milhões de euros.
O rácio de eficiência (“cost-to-income”) situa-se nos 29%, e as provisões por imparidades para riscos de crédito diminuíram em quatro milhões de euros, enquanto outras provisões diminuíram 138 milhões, influenciadas pelo reforço de 127 milhões em 2024, associado ao mecanismo de compensação da transferência do Fundo de Pensões.
Em maio, a CGD pagou ao acionista Estado dividendos no valor de 850 milhões de euros, totalizando 3,3 mil milhões distribuídos ao seu acionista único desde 2017.
As transações digitais cresceram 8%, totalizando 475 milhões de euros, com os clientes mobile a ultrapassarem os dois milhões.
O banco do Estado manteve a liderança no negócio dos cartões, emitindo mais 100 mil do que nos primeiros seis meses de 2023, totalizando 4,8 milhões de cartões bancários ativos.
Segundo o comunicado da instituição, a CGD é a marca bancária mundial que mais cresceu em valor entre os bancos tradicionais e a terceira que mais subiu a nível global (+163%). É ainda a marca bancária mais valiosa a nível nacional, ocupando a 116.ª posição a nível internacional.