Os desafios gerados pela desigualdade, mudanças climáticas e o défice de financiamento para o desenvolvimento sustentável são problemas urgentes e interconectados, sustentam os três líderes no texto publicado pela revista francesa Le Grand Continent e o jornal brasileiro O Globo.

"É preciso tomar ações coordenadas e corajosas para abordá-los, e não recuar ao isolamento, a ações unilaterais ou a ruturas", lê-se no texto que os três assinam.

"A confiança no multilateralismo está sob tensão; e, no entanto, nunca houve tanta necessidade de diálogo e cooperação global. É preciso reafirmar que o multilateralismo, quando se reveste de ambição e se orienta à ação, continua sendo o veículo mais efetivo para abordar desafios compartilhados e avançar em áreas de interesse comum", acrescentaram. 

Lula da Silva, Ramaphosa e Sánchez afirmaram que três grandes encontros organizados nos seus países oferecerão oportunidades de debater problemas globais este ano, em referência à 4.ª Conferência Internacional sobre Financiamento para o Desenvolvimento (FfD4), que acontecerá em Sevilha, a 30.ª Convenção das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), em Belém, e a cimeira do G20, que acontecerá em Joanesburgo.

"Precisamos consolidar os sucessos do multilateralismo, especialmente a Agenda 2030 e o Acordo de Paris. O G20, a COP30 e o FfD4 devem servir como marcos de um compromisso renovado com a inclusão, o desenvolvimento sustentável e a prosperidade compartilhada", defenderam.

"Isso exigirá forte vontade política, a plena participação de todos os atores relevantes, uma mentalidade criativa e a habilidade de compreender os condicionantes e as prioridades de todas as economias", acrescentaram.

Os três líderes consideraram também que a arquitetura financeira global deve ser repensada para dar aos países do sul global uma voz mais forte e melhor representação, bem como acesso mais equitativo e previsível aos recursos.

"Devemos impulsionar iniciativas de alívio da dívida, promover mecanismos de financiamento inovadores e trabalhar para identificar e abordar as causas dos altos custos de capital enfrentados pela maioria dos países em desenvolvimento", ressaltaram.

O mundo está cada vez mais fragmentado, apontam, e é exatamente por essa razão que os três países instaram outros líderes a dobrar os esforços para encontrar uma base comum.

"Joanesburgo, Belém e Sevilha precisam servir como bastiões da cooperação multilateral, demonstrando que as nações são capazes de se unir em torno de interesses comuns", afirmam Lula da Silva, Ramaphosa e Sánchez.

Os chefes dos Governos do Brasil, África do Sul e Espanha reforçaram que atuarão em conjunto para mobilizar capital público e privado para o desenvolvimento sustentável, para reafirmar a importância de um crescimento económico inclusivo e proteger o planeta.

"Ao vislumbrarmos 2025, conclamamos a todas as nações, instituições internacionais, setor privado e sociedade civil a se colocarem à altura desse momento. O multilateralismo é capaz e precisa gerar resultados --- porque os riscos são muito altos para permitirmos o fracasso", conclui o texto.

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