O boletim de junho do Banco Central Europeu (BCE) sobre políticas macroprudenciais incluiu um artigo que alerta para os riscos do facilitismo na concessão de crédito para a compra de casa.

Os especialistas do BCE defendem que “normas de concessão de crédito pouco rigorosas aumentam o impacto macroeconómico dos choques de preços dos ativos imobiliários na economia real, porque tendem a conduzir a um maior endividamento”.

O documento refere que tal se deve “ao facto de as famílias mais endividadas – que normalmente entram no mercado durante períodos onde os critérios para a concessão de crédito são menos rigorosos – terem maior probabilidade de reduzir as despesas de forma mais acentuada quando os valores da habitação caem devido a restrições mais rigorosas à contração de empréstimos e ao agravamento das condições macroeconómicas”.

“Quando as famílias se veem confrontadas com obrigações de reembolso da dívida mais elevadas, os efeitos de um choque negativo sobre a procura de habitação sobre a riqueza, o crédito, os preços do imobiliário e os investimentos tendem a ser amplificados”, referem os autores do estudo do BCE.

O BCE manifesta-se contra a tendência pró-cíclica na concessão de crédito para a compra de casa, com os bancos a serem menos rigorosos em períodos de expansão económica, e mais rigorosos na concessão de crédito em tempos de crise.

“As flutuações nos critérios de concessão de empréstimos têm um impacto direto nos perfis de risco dos mutuários, dos mutuantes e da economia em geral, pelo que o acompanhamento destas alterações é fundamental para salvaguardar a estabilidade financeira”, refere o BCE no seu boletim.