O grupo Nabeiro, através da Angonabeiro reverteu para a Associação das Mulheres Empreendedoras de Porto Amboim (AMEA), na província do Cuanza Sul, mais de 15 milhões de kwanzas, angariados com a venda café coragem das mulheres de Angola.

“A entrega simbólica do cheque com o valor aconteceu este Sábado, 07, na cidade de Gabela, durante um evento promovido pela Angonabeiro em homenagem às mulheres produtoras de café da AMEA, que incluiu também a formalização de um protocolo de colaboração com o objectivo de apoiar o trabalho da associação e promover o café Amboim”, lê-se num comunicado enviado à FORBES ÁFRICA LUSÓFONA.

Os mais de 15 milhões de kwanzas já revertidos para a AMEA, explica a nota, resultam da venda, em Portugal, do Impossible Coffee Angola, lançado em Março deste ano, no âmbito do projecto de empreendedorismo e activismo social Impossible Coffees, promovido pelas Delta Coffee House Experience. Até dezembro de 2025, 20% das receitas obtidas com a venda deste lote especial, nas lojas Delta Coffee House Experience e na loja online, continuará a ser revertida para a AMEA.

A AMEA, diz o comunicado, é uma associação formada somente por mulheres empreendedoras da região do Amboim, todas produtoras agrícolas, incluindo de café (Robusta Amboim). As parcelas agrícolas de que são proprietárias e cuja terra trabalham têm, em média, cerca de três hectares e, na sua lavoura, dão primazia ao emprego de outras mulheres na fazenda.

“Num esforço contínuo para manter as instalações e repor plantações, atravessando os vários desafios da história de Angola, estas mulheres são hoje um exemplo de empoderamento feminino na comunidade”, sublinha o documento, acrescentando que só este ano, estima-se que a produção das 12 mulheres da AMEA ronde entre 10 a 15 toneladas de café.

Segundo o documento, a edição especial Impossible Coffee Angola – ‘Café Amboim: O café coragem das mulheres de Angola’ resulta da coragem e resiliência de 12 mulheres que se uniram para manter viva a produção de café no município de Amboim, província do Cuanza Sul, numa altura em que a variedade local, café Robusta Amboim – estava seriamente ameaçada pelos efeitos da guerra colonial e pela falta de recursos e de mão-de-obra.

“Este novo lote integra o projecto ‘Impossible Coffees’, que dá a conhecer histórias de pessoas únicas que sempre acreditaram em si e nos seus sonhos. O resultado é um conjunto de cafés raros, provenientes de micro produções de várias regiões do mundo e que podem ser experienciados em exclusivo nas lojas Delta Coffee House Experience”, destaca o comunicado.

O projecto, enfatiza o mesmo documento, reforça a ligação da Delta Cafés a Angola e o apoio aos pequenos produtores de café no país, onde está empenhada em contribuir para a revitalização da fileira do café.

No evento de homenagem, onde foi celebrado o protocolo de cooperação entre a Angonabeiro e a AMEA, o director-geral da Angonabeiro, Carlos Gomes, citado no documento, explicou que o valor doado visa apoiar e contribuir para o aumento do cultivo de robusta na região, garantindo a reconversão agrícola para produção de café.

“Pretendemos apoiar o trabalho da associação e destas mulheres, que se uniram para manter viva a produção de café no município de Amboim e preservar um café único no mundo, bem como dar a conhecer a qualidade deste café, não só em território nacional, mas também além-fronteiras”, salientou Carlos Gomes.

Através deste protocolo, referiu Gomes, a Angonabeiro e a Delta Coffee House comprometem-se a ajudar a aumentar o cultivo de robusta na região, a divulgar e potenciar a notoriedade do café Amboim.

“A sua qualidade é única e promove activamente junto dos seus clientes, com o propósito de se posicionar nos cafés de excelência a nível mundial, de modo que seja reconhecido e apreciado pelo valor excepcional que oferece”, sublinhou.

O director-geral de Mercados Internacionais do Grupo Nabeiro, José Carlos Beato realçou que é um café que leva o nome de Angola ao mundo inteiro e que junta o melhor que Angola tem que são as mulheres guerreiras.

“Só temos de agradecer tudo o que têm feito pelo café e por terem aceitado este desafio. Temos muito orgulho neste produto, cuja comercialização está a ser um sucesso. Parte das vendas revertem para a associação, também com o propósito de incentivar o envolvimento de mais mulheres, sobretudo jovens, porque a produção de café em Angola tem de continuar”, apelou José Carlos Beato.

Entretanto, a presidente da AMEA, Lucinda Cunha afirmou que enquanto mulheres agricultoras de Amboim, estão interessadas em trabalhar o café como sempre trabalharam, mesmo com muitas dificuldades.

“O café é a bandeira do país e do município, por isso, como cafeicultoras, não podemos abandonar o café. Houve uma altura em que estávamos mais preocupados com o milho, feijão, batata, e outros produtos, mas temos de nos dedicar ao café porque antes de conhecermos o petróleo, conhecemos primeiro o café, que incentivou também o crescimento do país”, apelou Lucinda Cunha.

A presidente perspectivou ainda que “vamos ter mais mulheres a juntarem-se ao nosso grupo e a esta missão”.

“Presente há 27 anos em território angolano, através da Angonabeiro, a Delta Cafés já apoiou mais de 40 mil famílias produtoras de café, levando o melhor café de Angola – e o nome deste País – a mais de 40 países, nos blends da marca”, conclui a nota.