
“África representa hoje cerca de 3% do comércio global, mas a nível interno fica abaixo dos 20%”. O alerta foi deixado por Sandra Antunes Boumah, chief representantive do Commerzbank em Marrocos, no painel ‘Trade & Investment – Accelerating growth in african businesses’, na oitava edição do EurAfrican Forum 2025, organizado pelo Conselho da Diáspora Portuguesa, uma plataforma orientada para a ação que procura reforçar a colaboração entre a Europa e a África, melhorando o crescimento verde e inclusivo, revelando oportunidades inovadoras de negócio e de investimento de impacto social, bem como gerando mais sinergias entre ambos os modelos de inovação e que decorre esta sexta-feira e sábado na NOVA SBE, em Carcavelos e que conta com o Jornal Económico e a Forbes como media partner.
“Quando digo comércio entre si, não me refiro apenas ao comércio com a Europa ou outros parceiros internacionais, mas também ao comércio dentro de África. É por isso que a área do comércio livre é algo que vai ajudar”, realçou.
A responsável salientou que o comércio de África é principalmente para fora, recordando um episódio de quando fazia parte do grupo do Banco Mundial sobre empresas que importavam frangos do Brasil. “Porque é que estamos a importar frango? Porque não importamos de outro país africano?”, questionou.
“Como importadores, é preciso compreender que em África a maioria das empresas é, na verdade, mais pequena do que aquilo que estamos habituados a ver na flora global”, afirmou.
Presente no painel esteve Nuno Rangel, CEO da Rangel Logistics Solutions, que vê em África uma forte transformação no setor da logística a acontecer neste momento, baseado em três pontos fulcrais: o enorme investimento que está a começar a ser feito nas infraestruturas e nos corredores e o acordo comercial africano.
“O terceiro ponto acho que no mundo está a acontecer há uma transformação digital da logística. Na Rangel as soluções digitais e a qualidade do serviço que oferecemos aos nossos clientes na Europa, oferecemos o mesmo em África não há diferença”, salientou.
Por sua vez, Miguel Azevedo, Head of Investment Banking para o Médio Oriente, África e Portugal, no Citigroup Inc defendeu que com as taxas de juro a descer os mercados estão a reabrir-se para as questões africanas e há um maior foco nos fundos europeus a ir da Europa para África, em vez dos Estados Unidos. “A Europa e África têm de trabalhar em conjunto”, realçou.
Já Indira Campos, representante do World Bank Group em Cabo Verde destacou que o acordo continental de África será a maior zona de comércio livre do mundo e ligará 1,3 mil milhões de pessoas em 55 estados-membros da União Africana, com um Produto Interno Bruto (PIB) avaliado em 3,4 mil milhões de dólares para reduzir a maioria das barreiras comerciais que existem atualmente.
“Mais importante, vai regular a criação de um mercado único para serviços comerciais e investimentos em toda a África. “A importância disto não é apenas impulsionar o comércio intra-africano, mas também criar um mercado unificado, previsível e competitivo para qualquer pessoa que queira investir”, afirmou.
Como tal, sublinhou que este acordo vai transformar um continente fragmentado num mercado. “Podemos prever que as empresas europeias vão escalar as suas operações. Promoverá também uma maior integração da cadeia de valor das empresas europeias em África”, referiu.