Angelo Pagotto, antigo guarda-redes italiano hoje com 51 anos, poderia ter escrito história diferente no futebol mundial, mas o vício das drogas desviou-o desse caminho.
«Eu era mais forte com Buffon, mas depois a cocaína e a depressão... Continuo a tomar psicofármacos, não posso parar», afirmou, em entrevista ao Corriere della Sera, o antigo jogador, campeão europeu de sub-21 em 1996, torneio em que teve um tal Buffon no banco — o histórico guarda-redes italiano tinha apenas 18 anos na altura, mas nem todos poderão dizer que em algum momento o tiveram como suplente. Itália bateu Espanha nos penáltis, com Pagotto a parar Iván De la Peña e Raúl González.
«Houve uma altura em que ele e eu éramos os melhores guarda-redes de Itália. Falei com ele recentemente e felicitei-o pelo seu novo papel na seleção. 'Tenho de agradecer-te porque foste o único que me fez ganhar um Campeonato da Europa' disse-me a brincar», contou.
«As acusações de vender jogos? Tudo falso. No Milan ganhei 350 milhões de liras, gastei tudo. Hoje vivo nas montanhas com a minha terceira mulher, sonho em treinar guarda-redes na Série A e em fazer as pazes com a minha mãe», disse o antigo atleta, que além do conjunto de Milão representou clubes como Pistoiese, Sampdoria, Perugia, Empoli, Reggiana, Triestina, Arezzo, Torino, Grosseto e Crotone.
«Para mim a cocaína foi uma via de escape, principalmente quando não tinha objetivos. Nesse momento estava no Crotone, não jogava muito, a minha carreira tinha terminado. Conheci muita gente má a quem não pude dizer que não. As drogas afastaram-me da realidade. Pensei que resolveria os problemas, mas não foi assim», sublinhou.
«Fui viciado durante três anos e sofri de depressão. Há seis meses que não me levanto do sofá e continuo a tomar psicofármacos. Tentei parar várias vezes mas nunca consegui. Fizeram-me três controlos num dia e só o segundo deu positivo. Foi estranho, parecia que tudo estava a ser manipulado», recordou.
Angelo Pagotto foi também questionado sobre o futuro: «Sonho em regressar à Serie A, mas no banco. Também quero abrir uma escola de futebol onde os jovens possam evoluir por mérito e não apenas por dinheiro. Sem sacrifício não se chega a lado algum.»