
Os sócios do Marítimo aprovaram esta sexta-feira, em Assembleia Geral Extraordinária, a entrada do investidor brasileiro Revee, um grupo que se dedica ao setor das infraestruturas, com uma grande ação na área do entretenimento e cultura. A entrada foi, então, aprovada com 337 votos a favor (78%), de um total de 440 votantes. Apenas 49 sócios se mostraram contra, enquanto 44 se abstiveram.
Tranquada Gomes, presidente da AG verde-rubra, começou por salientar o número de sócios presentes na AG. "Tivemos 488 sócios presentes, o que demonstra a vitalidade do clube e o empenho nesta solução que hoje foi encontrada. As pessoas foram muito expressivas, pois o ponto um da votação teve 78,8 por cento de aprovação dos sócios presentes e os restantes foram aprovados com 89 por cento de votos favoráveis, o que demonstra que a proposta foi do agrado dos nossos sócios. O investidor esteve presente na reunião, explicou ao que vinha e fê-lo de uma forma muito clara e todos entenderam a mensagem, o projeto e o modelo de financiamento. Mas isto é uma deliberação que agora coloca o Marítimo na casa de partida. Haverá ainda muitas estações até ao final, com um processo de contratualização e tudo aquilo que é normal num processo desta envergadura", disse. Depois, revelou que "haverá uma Assembleia da SAD que irá ser convocada para que os pequenos acionistas. Hoje, a votação foi tão expressiva que não restam dúvidas naquilo que os sócios do clube quiseram. Esta proposta cria uma base muito mais sólida para o clube em termos de futuro".
E revelou ainda que o clube está protegido com algumas cláusulas de um possível mais desempenho do investidor. "O Marítimo poderá sempre recomprar esta parte que agora vende. Hoje é um dia muito importante para o clube, pois se esta proposta não fosse aprovada criava problemas adicionais à gestão do clube".
«Os sócios confiam nesta direção»
Carlos André Gomes, presidente dos verde-rubros, era naturalmente um homem satisfeito, mas começou por falar sobre Rui Fontes, o seu antecessor na liderança maritimista. "Primeiro lugar quero passar uma mensagem que acho importante. Este é o momento de unir a família maritimista e quero mandar um abraço de votos de recuperação rápida ao doutor Rui Fontes que sei que está hospitalizado. É um homem que ama o Marítimo e não tenho dúvidas que se vai recompor rapidamente e vai estar junto desta família que é o lugar onde deve estar", disse.
Sobre a Assembleia Geral e o resultado da mesma: "Esta votação diz-nos que os sócios do Marítimo confiam no trabalho que esta direção está a fazer. Sentem que este é o caminho que vai guiar o clube para outros patamares de sucesso. A votação maciça diz-nos que a nossa responsabilidade aumentou, pois nós mais do que nunca teremos de defender sempre os interesses do Club Sport Marítimo", disse. E prometeu: "O objetivo é colocar o clube o mais rápido possível na 1ª Liga. Este passo era fundamental para passar aos passos seguintes e que vamos tentar fazer com a maior brevidade possível. Tal como Davantel afirmou, serão eles a assumir a gestão da própria SAD e trazer a liquidez necessária para investir na equipa".
Depois, garantiu aos sócios uma rapidez no desenrolar daquilo que tinham acabado de aprovar: "Vai ser um processo relativamente rápido pois o Marítimo tem toda a documentação organizada, havendo já muita partilha da mesma com o grupo investidor. Creio que o processo na sua conclusão, deverá acontecer dentro de dois ou três meses".
O presidente do emblema madeirense foi claro naquilo que este investidor pode proporcionar aos sócios e simpatizantes do seu clube: "Face aos recursos financeiros que o clube dispôs nos outros dois anos, o Marítimo não está em condições de lutar pela subida, face à perda financeira que teve ao baixar para a 2ª Liga. Esta aprovação dá-nos possibilidade de ter recurso para podermos ser competitivos".
Reforços que serão uma mais valia
Em relação ao atual plantel, que o técnico Vítor Matos tem ao seu dispor, Carlos André Gomes foi direto: "O reforço que tem sido no plantel, tem sido feito em posições estratégicas que o Marítimo está necessitado, procurando trazer jogadores de muita qualidade e que acrescentem valia. Não são jogadores que vêm para o plantel e não integrarem a equipa principal, embora o seu trabalho no dia a dia e o técnico é que irá decidir. Estamos a contratar com cuidado para acrescentar valor à equipa. Agora, obviamente, que esta aprovação teremos um contacto mais permanente com a Revee e isso irá permitir desbloquear outro tipo de jogadores, do que os que estavam programados, para as posições que ainda estão em falta".
Sobre o facto de a proposta sujeita a votação contar com 49 votos contra, o presidente dos madeirenses foi claro: "Quando temos uma votação onde 78 por cento a favor é isso que tenho de valorizar. Obviamente que aqueles que estão contra e que se abstiveram, são sócios do Marítimo e nós vamos respeitar a sua posição. O que eu tenho de tomar atenção é de unir o clube e decidir o caminho que a maioria votou".
«Gosto mais de mostrar trabalho»
Visivelmente emocionado, após a decisão dos sócios do seu clube, o presidente não quis assumir os louros desta solução votada favoravelmente. "Eu gosto mais de mostrar o trabalho que faço, do que estar aqui a expor-me. Isto assegura o futuro do Marítimo se tudo se concretizar. Mas estamos a falar da cedência de uma parte daquilo que é nosso e isso é sempre uma carga emocional muito grande. Se me perguntarem 'tu queres vender a SAD?' Se calhar digo que não. Mas também olho e digo 'este é o caminho que tem de ser seguido, porque se não for agora e nós não dermos este passo, dificilmente vamos conseguir arranjar um parceiro como a Revee que irá estar sempre ao nosso lado'", disse, explicando depois como chegou à Revee: "Procurei um agente, apresentamos um caderno de encargos e dissemos, nós temos isto para vender nestas condições. Apareceram mais possibilidades, só que as condições não eram aceitáveis".