Tim Bezbatchenko é o CEO do Black Knight Football Group, fundo de investimento detentor do Bournemouth, de Inglaterra, e que recentemente se tornou acionista maioritário do Moreirense. A A BOLA, Bezbatchenko destaca a qualidade da gestão da equipa de Moreira de Cónegos e garante investimento no clube, admitindo que o clube «não está no topo da cadeia alimentar». Ficam ainda elogios a Tiago Pinto, diretor geral para o futebol do Bournemouth e que o CEO diz ter tido um papel «crítico» na aquisição do Moreirense.

—O Black Knight Football é um grupo gerido por Bill Foley, um empresário americano que se apaixonou pelo futebol, e investiu primeiro no Bournemouth e depois acreditou na estratégia de propriedade de múltiplos clubes, em que as sinergias que podem ser criadas em todo o grupo ajudam cada equipa a ser competitiva no respetivo mercado.  

Através do fundo, comprámos a maioria das ações no Moreirense. Os nossos outros clubes são o Hibernian, na Escócia, o Lorient, na França, e Bill Foley, separadamente, também tem o Auckland FC na Nova Zelândia. 

A ideia é usarmos os clubes para desenvolver jogadores e criar sinergias que permitam a cada equipa ser competitiva. No caso do Moreirense, eles estiveram muito bem nos últimos anos, com menos recursos do que alguns clubes em Portugal, e terminaram em 6º e 10º Queremos manter essa posição, quiçá crescer até, mas também modernizar a infraestrutura do clube e conectar os nossos departamentos de scouting, de recrutamento e o sistema de desenvolvimento de jogadores. Tudo isso se junta e nós achamos que, sendo proprietários de muitos clubes, podemos trazer vantagem competitiva para o Moreirense.

— Porquê o Moreirense e porquê o mercado português?

— A primeira coisa que começámos por fazer foi perceber em que mercado queríamos estar. Olhámos para Portugal, olhámos para a Bélgica, olhámos para Inglaterra. E há muita oportunidade, há muito potencial em cada mercado. São, obviamente, países diferentes, diferentes culturas, e há diferentes razões por que gostaríamos de estar em cada mercado. Portugal foi um passo natural para nós porque, primeiro tem história de desenvolver jogadores de classe mundial. Há o desejo de jogadores na América do Sul e na África, ou em qualquer lugar, de virem jogar numa liga como a de Portugal. Depois há a questão de desenvolver jogadores, não só na seleção, mas ao nível de clubes. Tem todos os ingredientes para ser um clube com sucesso e para ajudar o grupo a desenvolver jogadores, mas também a vendê-los. Estamos entusiasmados. A próxima coisa importante foi encontrar um clube em que pudéssemos colaborar com as pessoas. As pessoas são a coisa mais importante. Encontrámos no Vitor Magalhães [presidente do clube] e no seu filho Pedro, um historial de colocarem o clube a funcionar bem, de serem organizados, de tratarem as pessoas de forma correta. Sentimos que o mercado estava certo, o clube estava certo e as pessoas estavam certas para investirmos.

— E como encontraram o clube?

— Houve, claro, a influência de Bill Foley, mas, a nível executivo, encontramo-nos e discutimos oportunidades para a aquisição de clubes. O Ryan Caswell, que está sediado em Las Vegas, o Neil Blake, antigo CEO do Bournemouth, que ainda está envolvido com a Black Knight, e o Tiago Pinto, o presidente das operações de futebol do Bournemouth. Ter alguém tão trabalhador e bem versado no futebol português foi crítico. Sem o Tiago estar envolvido, isto não teria acontecido. Ele conhece todos os clubes de um nível muito profundo, conhece os diretores desportivos, os proprietários. Então, quando olhámos para as oportunidades diferentes em Portugal, o Tiago foi crítico para nos ajudar a fechar a transação.

— Como tem sido trabalhar com o Tiago Pinto?

— Tive a felicidade de trabalhar na liga dos Estados Unidos e em dois clubes de futebol diferentes. E às vezes pode ser difícil gerir, com todas as personalidades, mas o Tiago olha sempre para o trabalho do dia a dia com o espírito de colaboração e cooperação e, claramente, com experiência, graças ao seu tempo no Benfica, na Roma e agora na Premier League. Sou um sortudo por poder trabalhar com alguém que não só conhece o jogo e a área, mas também é um colega divertido.