A 19.ª sessão do julgamento da Operação Pretoriano ficou marcada pelas declarações de Fernando Sardoeira Pinto, secretário da Mesa da Assembleia Geral à altura dos factos. No entender da testemunha, a reunião magna deveria ter sido interrompida mais cedo e tal só não aconteceu devido à intransigência de Lourenço Pinto, antigo presidente da MAG. 

"Eu e o Nuno Cerejeira Namora [vice-presidente da MAG] dissemos a Lourenço Pinto e ao presidente do Conselho Fiscal [Jorge Guimarães] que tínhamos de terminar aquela AG, estava impossível. Foi dito a Lourenço Pinto várias vezes que terminasse e ele insistiu em prosseguir", atirou Sardoeira Pinto no Tribunal de São João Novo, acrescentando: "Só tive conhecimento de que a AG iria passar para o Dragão Arena quando Lourenço Pinto o disse ao microfone, para minha surpresa e de todos os que estavam comigo."

Sardoeira Pinto afirmou também que, no seu entender, o burburinho criado nas redes sociais nos dias anteriores à AG acabou por confundir as pessoas sobre o que se iria discutir na reunião. "Havia a ideia generalizada, desconhecendo os estatutos propostos, que isto seria uma goleada histórica dada na secretaria, que a direção de Pinto da Costa se perpetuaria", referiu, prosseguindo: "A balbúrdia multiplicou-se, o sócio ficou com a ideia que se tinha de tomar qualquer decisão, porque ia acontecer qualquer coisa de má com o clube. Com o burburinho, ninguém tinha percebido qual era a votação dos estatutos. O burburinho abafou tudo. Apresentei uma ata no dia 9 de fevereiro de 2024 a expor isto. A ideia de Lourenço Pinto é, eu faço tudo e vocês assinam quando for preciso. Foi isso que eu senti."

Também Vítor Hugo, histórico jogador e treinador de hóquei em patins pelo FC Porto e candidato à vice-presidência pela lista de Pinto da Costa, prestou declarações em tribunal, relatando ter sofrido vários insultos de adeptos, que transitavam de bancada em bancada, pelo meio do ringue, sem se manterem devidamente sentados. "Lembro-me, apesar de estar de costas para a bancada, recordo-me de um objeto que voou do topo da bancada norte e, depois, há uma senhora com o marido e filho, suponho familiares, que entraram em confronto com um adepto, que saiu da bancada lateral para a norte. Ela sai do topo norte e vai-se sentar atrás, numa bancada pequena onde costumam estar os jornalistas. Passou por mim a insultar: 'mamões, isso vai acabar.' Um amigo meu também se virou para mim e disse que éramos responsáveis pelo que estava a acontecer. Falou para mim diretamente", referiu.