A apresentação do 'demo car' Renault Emblème aconteceu em Paris. É um carro de demonstração familiar com design ecológico e personifica o desafio da descarbonização. A utilização de materiais recicláveis é a principal aposta deste protótipo que não avançará para produção, mas guia a marca francesa para um futuro mais sustentável.

A tecnologia elétrica combinada com o hidrogénio são a base desenvolvimento. O grupo propulsor de dupla energia está colocado na traseira do automóvel. A análise do ciclo de vida (LCA) é um método científico utilizado para quantificar os impactos ambientais de um veículo durante a sua vida útil. Esta análise tem em conta a extração das matérias-primas e a produção dos componentes, bem como a montagem, o transporte, a utilização, a manutenção e a reciclagem do veículo. Uma das suas principais utilizações é o cálculo do potencial de aquecimento global associado às emissões de gases com efeito de estufa, medido em CO2 equivalente (CO2 eq) por veículo.

O Renault Megane E-Tech elétrico, por exemplo, emite 25 toneladas de CO2 durante o seu ciclo de vida. A mobilidade elétrica tem vantagens em termos de emissões de CO2 eq. No caso do projeto Emblème, esse valor é de apenas 5 toneladas de CO2 eq do "berço ao túmulo", o que representa uma redução de quase 90%! O objetivo do Grupo Renault: zero carbono líquido até 2040 na Europa.

O Renault Emblème é a expressão de uma mobilidade descarbonizada e respeitadora dos recursos, concebida desde o desenho até ao fim de vida, de forma ecossistémica e coletiva com os nossos parceiros e fornecedores ao longo de toda a cadeia de valor. Além de ser uma antevisão em termos de design, integra tecnologias desenvolvidas pela Ampère que serão progressivamente introduzidas nas próximas gerações de veículos.

Cléa Martinet, VP Sustentabilidade, Grupo Renault

O peso de um veículo tem impacto nas emissões a vários níveis: na extração das matérias-primas, na produção, no transporte, durante a utilização (impacto no consumo de energia) e na reciclagem. Para limitar o peso do Renault Emblème (1800 quilos), os responsáveis pelo projeto procuraram eliminar os quilos em excesso, mantendo a qualidade dos equipamentos de bordo (conforto, segurança, etc.).

Sete materiais e componentes são responsáveis por 90% da pegada de carbono do automóvel: bateria, aço, alumínio, polímeros, componentes eletrónicos, pneus e célula de combustível e depósito.

Engenheiros e designers trabalharam juntos para encontrar as melhores soluções em termos de aerodinâmica e eficiência energética. O resultado é um 'shooting brake', com 4,80 metros de comprimento, 2.90 metros na distância entre eixos, onde o estilo e a tecnologia são determinantes para a sua pegada de carbono. O aspeto é evidenciado pelo efeito da carroçaria verde, que faz com que a cor pareça diferente consoante o ângulo de observação e a luz. A bagageira de 556 litros e o espaço adicional na dianteira de 74 litros, permitem espaço para viagens em família e confirmam a ambição da marca francesa em encontrar novas soluções para o segmento C.

Para a condução diária, o veículo funciona da mesma forma que um automóvel elétrico convencional, em que a bateria é recarregada por travagem regenerativa. No caso do hidrogénio, o carregamento é feito através de células fotovoltaicas no tejadilho ou num posto específico.

O Renault Emblème é capaz de percorrer uma distância até 1000 km sem emissões de CO2 a sair pelo escape. Não é necessário qualquer carregamento elétrico, apenas duas paragens rápidas (5 minutos para reabastecer de hidrogénio), cada reabastecimento garante uma autonomia de 350 km (valores indicados pela marca).

O Renault Emblème apoia-se num motor elétrico de rotor bobinado - sem terras raras - alimentado por um sistema de dupla energia: uma bateria NMC (Níquel Manganês e Cobalto) de 40 kWh alojada sob o piso, e uma pilha de combustível de 30 kW, alimentada por hidrogénio com baixo teor de carbono proveniente de um depósito de 2,8 kg sob o capot.

Baseada na plataforma AmpR Medium, a arquitetura de tração traseira aloja os vários componentes do grupo motopropulsor (motor elétrico, bateria, célula de combustível e depósito de hidrogénio), mantendo um baixo centro de gravidade e uma boa distribuição de peso na procura de promover um bom desempenho dinâmico e a eficiência.

Interior saudável

O Renault Emblème é um convite para viajar num interior com um design contemporâneo. Tecnologias inovadoras incluem um ecrã panorâmico OpenR, que se estende por todo o painel de instrumentos. Para o interior do automóvel, nomeadamente para o painel de instrumentos, a Forvia utilizou revestimentos à base de materiais reciclados ou naturais, que têm a vantagem de serem capazes de armazenar CO2.

As zonas de contacto nos painéis das portas e na consola central são estofadas em peles feitas de fibras de ananás, uma alternativa mais leve e sustentável ao couro animal.

O painel de instrumentos é estofado em linho fabricado na Normandia (França). Para as inserções das portas e faixa do painel de instrumentos, o processo de montagem foi otimizado utilizando soluções que não requerem soldadura ou colagem, para facilitar a reciclagem. No âmbito de uma abordagem Shy Tech, os comandos convencionais são substituídos por botões ocultos sob a superfície (elevadores de vidros e ecrã central), para um design mais minimalista.

Concebida pela Verkor e com produção estimada até 2035, a bateria elétrica do Renault Emblème apresenta uma redução de 72% das emissões de carbono, em relação a uma bateria tradicional equivalente. Este desempenho é obtido através de processos de fabrico otimizados, de uma fábrica alimentada por eletricidade com baixo teor de carbono, de fornecedores locais e de uma reciclagem otimizada dos resíduos e das baterias em fim de vida.