
O selecionador masculino de judo, Pedro Soares, prefere "não elevar a fasquia ou prometer medalhas" nos Mundiais de Budapeste, onde vão competir Miguel Gago, Otari Kvantidze, João Fernando e Jorge Fonseca.
"As expectativas são que todos possam fazer uma boa competição, sem elevar muito a fasquia, sem prometer medalhas, sem falar em grandes feitos, porque nenhum deles neste momento se apresenta em condições de eu poder me vincular aqui a um objetivo desses", disse à agência Lusa o selecionador.
A poucos dias do início dos Mundiais, que decorrem entre 13 e 20 de junho em Budapeste, Pedro Soares divide o grupo em três 'categorias': uma com os estreantes Gago (21 anos) e Kvantidze (22), depois João Fernando (25), e, finalmente, Fonseca (32).
"É um atleta [Jorge Fonseca] que é um dos melhores do mundo, bicampeão do mundo (2019 e 2021), medalha olímpica (2021), 32 anos. Não está, como é evidente, como é compreensível, no auge da sua carreira. Mas é sempre o Jorge Fonseca. Poderá, com um bom sorteio, andar para a frente e, com grande naturalidade, superar estas expectativas", considerou o treinador.
Pedro Soares lembrou, porém, que o bicampeão mundial não será cabeça de série (é 14.º entre os 43 inscritos em -100 kg).
"O facto de não ser cabeça de série poderá, como toda a gente sabe, colocá-lo no primeiro combate contra o atual campeão do mundo ou o atual campeão olímpico. E não dando a coisa como perdida, será, como é evidente, um caminho mais difícil".
Numa posição diferente encontra-se João Fernando (-81 kg), judoca também olímpico, mas que tem apostado na carreira profissional fora do judo e quando se encontra a tirar o brevet de piloto, a pensar na aviação comercial.
"Não está neste momento com a mesma rodagem dos outros três, porque não tem participado em competições internacionais, a não ser o Campeonato da Europa, e nem em estágios internacionais. Umas expectativas mais reduzidas, mas é um atleta que, com a sua qualidade técnica e potencial, pode sempre andar para a frente nesta prova, mas também não colocaria a fasquia muito alta", referiu o selecionador.
Em estreia em campeonatos do Mundo, estarão Miguel Gago (-66 kg) e Otari Kvantidze (-73 kg), de quem o selecionador espera "atitude" e "empenho", mas consciente de serem "expectativas mais humildes e reduzidas" para os dois mais jovens.
"Pensar em resultados de pódio ou de medalhas seria uma utopia muito grande para estes dois atletas. Vamos ver se conseguem melhorar, nomeadamente o Miguel Gago, se consegue entrar no projeto [olímpico], o Oto se consegue subir de nível. Para isto é necessário vencer combates, conquistar uma posição honrosa e seria já um objetivo muito bom, cumprir este patamar que estou a falar, falamos ali a andar entre os sétimos e os nonos lugares, seria cumprir na íntegra aquilo que se espera dos atletas", considerou o selecionador.
Portugal competirá em Budapeste com sete judocas: Catarina Costa (-48 kg), Taís Pina (-70 kg), Patrícia Sampaio (-78 kg), Miguel Gago (-66 kg), Otari Kvantidze (-73 kg), João Fernando (-81 kg) e Jorge Fonseca (-100 kg).
No total, são esperados na Hungria 564 judocas, 298 masculinos e 266 femininos, provenientes de 93 países, dos quais a anfitriã Hungria (21 judocas), Brasil, Itália, Uzbequistão, Mongólia, Japão e França (18), e França e Alemanha (17), apresentam o maior número de inscritos.