
Pela primeira vez em mais de uma década, o Chaves terá duas listas candidatas ao sufrágio agendado para esta sexta-feira. A Lista B é encabeçada por Otávio Borges, de 50 anos, que concorre pela primeira vez à presidência do emblema flaviense. Em entrevista a Record, o empresário, natural de Chaves, explicou os motivos que o levaram a avançar com a candidatura, apontando vários reparos à atual situação dos valentes transmontanos.
RECORD - Porque é que sócios devem votar em si?
OTÁVIO BORGES - Em primeiro lugar, não será em mim, mas sim na nossa equipa, pois nós somos uma equipa e não apenas uma pessoa. Em relação a votar em nós, devem fazê-lo porque nós queremos fazer do Chaves o maior clube formador da região e do interior de Portugal.
Qual a sua história com o Chaves?
Desde que me lembro, sempre foi o clube do meu coração. Joguei nas camadas jovens e desde muito novo comecei a ir para a claque Fúria Azul-Grená. Acompanhei alguns jogos fora com a claque e em casa assistia a todos os encontros.
Se for eleito, qual será a sua primeira medida?
Passará por reorganizar todos os departamentos, desde o posto médico à secretaria, e a criação de um departamento de scouting. Será preciso contratar um coordenador de futebol e começar a preparar os estudos para desenvolver as infraestruturas.
Qual a opinião que tem sobre a formação e o que pretende fazer de melhor?
A minha opinião é que está uma lástima, pois o Chaves deveria de ser o clube no qual qualquer miúdo da região gostaria de jogar e aqui passa-se o inverso: todos vão embora. Queremos dar condições aos treinadores e atletas para que consigam atingir os seus objetivos desportivos com uma formação de qualidade.
Quais as modalidades que quer implementar e de que forma será assegurada a sustentabilidade das mesmas?
As modalidades que vamos implementar são o futebol feminino, o padel, o basquetebol e o atletismo. Para isso, iremos recorrer a parcerias com outras entidades que já tenham implementadas as modalidades e partir em busca de parceiros para o financiamento das mesmas.
As duas listas falam em recuperar a hegemonia da formação a nível local. Como planeiam fazê-lo isso? A construção de uma academia está nos vossos projetos?
Recuperaremos a hegemonia com a procura dos melhores talentos através do nosso departamento de scouting e oferecendo as melhores condições de treino. Em relação à academia, está nos nossos planos mas será um projeto a longo prazo.
A minha opinião é que a formação está uma lástima. O Chaves deveria de ser o clube no qual qualquer miúdo da região gostaria de jogar e aqui passa-se o inverso: todos vão embora.
Otávio Borges
Candidato à presidência do Chaves
O clube tem poucas infraestruturas. O que vão fazer para aumentar esse espaço e onde?
Como podem ver nas nossas propostas, iremos recuperar o velhinho campo de treinos e pretendemos fazer um campo de futebol 7 no topo Norte e um campo de futebol de 11 na zona do complexo.
A falta de aproveitamento dos valores da formação tem sido uma das críticas mais ouvidas. Caso seja eleito, como pretende inverter isso?
Em relação a essa aposta, teremos que ter sempre a cooperação da SAD, pois se não houver essa parceria será sempre uma tarefa difícil, embora não impossível. Basta quererem.
Outra crítica apontada foi que as equipas por diversas vezes não tinham acompanhamento médico. Pode garantir que tal situação não vai acontecer no futuro?
Sim. Iremos garantir porque para isso basta sermos organizados, já que o problema da falta de enfermeiros e médicos era meramente organizacional.
A Lista B anunciou a construção de um Museu nas instalações do Top Sul onde está instalada a SAD. Pode ser visto como uma tentativa de tirar a SAD do Estádio?
Não. A nossa intenção é recuperar uma infraestrutura que achamos ser essencial para o clube e queremos localizá-lo no topo Sul. No entanto, isso não não quer dizer que a SAD terá que sair de lá. Existe muito espaço no topo Sul.
Como avalia a atual situação financeira do clube?
É verdade que o clube tem um grande passivo, quase o mesmo de há dez anos e isso é que nos preocupa.
Deve a SAD e o futebol profissional passar para investidores estrangeiros ou permanecer na mão de sócios do clube e gente que nasceu na região e sente o clube de outra forma?
Na minha opinião, deve manter-se em alguém que goste do clube. Neste caso, a família Carvalho ficaria na SAD e nós com o clube. Assim poderíamos fazer com que Chaves crescesse tanto na formação como no futebol profissional. Seria ótimo para toda a gente.
O que é que o clube tem para oferecer aos sócios?
Acima de tudo valorização e reconhecimento pela sua lealdade ao longo dos anos.
SAD? Deve manter-se em alguém que goste do clube. Neste caso, com a família Carvalho. Assim poderíamos fazer com que Chaves crescesse tanto na formação como no futebol profissional.
Otávio Borges
Candidato à presidência do Chaves
Falou-se que havia vencimentos com alguns meses de atraso. Podem garantir que tal não voltará a acontecer?
Vamos fazer de tudo para que isso não aconteça, pois acreditamos que com as receitas que o clube tem e uma gestão eficaz isso não voltará acontecer.
A Lista A quer votos por antiguidade e Lista B quer cada sócio com um voto. Qual é a confusão na leitura dos regulamentos da Assembleia?
A Lista A pretende usar a regra das deliberações das assembleias gerais para votação num ato eleitoral para o qual o clube tem regulamento próprio e para um ato que eles próprios convocaram. A Lista A usa o regulamento eleitoral para a convocatória do ato, a apresentação de listas, a organização das mesas de voto, o local das mesas e o voto antecipado, mas para votação quer usar os estatutos e a regras das assembleias. A Lista B apenas quer ser coerente, se existe um regulamento eleitoral que regula todo o nosso ato eleitoral, não podemos usar apenas os artigos que nos dão interesse.