
Primeira Liga, 33ª jornada: sábado, 10 de maio de 2025
A ANTEVISÃO: QUEM VENCER ESTARÁ COM A MÃO NO TÍTULO
Não há outra expressão para definir o Benfica x Sporting que não jogo da época, jogo do título. Poucos jogos haverá na história do futebol português com tamanha importância condensada em tão poucos minutos.
Às 18h entrarão duas equipas no relvado e, sensivelmente duas horas depois, uma estará a festejar o campeonato ou, na pior das hipóteses, uma vantagem importante para a última jornada.
As contas são fáceis de fazer. Se o Sporting vencer, é campeão nacional. Se empatar, terá vantagem na última jornada. Caso seja o Benfica a vencer por 1-0, 2-1, 3-2 ou qualquer outra diferença de um golo, bastará um ponto (ou um resultado melhor que o Sporting) na última jornada para festejar. Vencendo por dois ou mais golo, sagrar-se-á campeão imediatamente.
O panorama desportivo nacional está centrado no Estádio da Luz e não há volta a dar. Um lance de génio, uma imprecisão técnica, uma substituição bem feita podem dar campeão nacional num jogo que tem tudo para parar o país e fazer multidões sair à rua. Mas, antes disso, haverá 90 minutos de futebol.
Tanto Bruno Lage como Rui Borges chegarão já no decorrer da época e em circunstâncias diferentes. O treinador do Benfica chegou imediatamente após a quarta jornada, passadas duas derrotas de Roger Schmidt e viveu várias fases na Luz. Basta lembrar que foi já em 2025 que, após a derrota em Rio Maior, Bruno Lage viveu um momento tenso na garagem da Luz a que se seguiu uma série de jogos praticamente imaculada, escapando o empate diante do Arouca.

Se Ruben Amorim deixou Alvalade com um pleno de vitórias, Rui Borges chegou depois da fase mais turbulenta da temporada. João Pereira, aposta de Frederico Varandas, não foi capaz de agarrar a equipa e a confiança imaculada passou a desconfiança apática. O treinador de Mirandela, cidade que tem relevado quase todas as semanas, agarrou a equipa, venceu o Benfica no seu primeiro jogo e deu a estabilidade que se perdeu. Nos entretantos tremeu, teve de dar um passo atrás no sistema base da equipa, mas chega à Luz com vantagem no confronto direto e a ver um empate como um resultado positivo.
Dentro de campo, não fosse este um jogo onde a estratégia é pensada e repensada, não haveria grandes dúvidas na equipa. Tendo as características únicas que tem, há espaço para encarar o jogo com mais incertezas que certezas. Rui Borges surpreendeu Bruno Lage na primeira volta, mudou o sistema e obrigou o treinador do Benfica a preparar o jogo com múltiplas possibilidades em cima da mesa. Hoje, não há dúvidas de que o Benfica preparará o jogo para defrontar um 3-4-3, o que abre novas possibilidades para o estratega Lage treinar pequenas nuances na construção ou na pressão.

O lado do Benfica é, ainda assim, o que menos dúvidas deixa. Florentino Luís tem nos jogos grandes a sua praia, pelo que voltará ao onze. A maior incerteza passa mesmo pela possível titularidade de Ángel Di María – que pode fazer o último jogo da carreira no Estádio da Luz – que se encontra a recuperar de lesão e não foi sequer a jogo contra o Estoril Praia. Basta recuar até ao Dragão para perceber que, defensivamente, o argentino é capaz de cumprir em jogos com esta exigência. Ainda assim, Samuel Dahl tem estado em destaque – e foi titular diante do AVS SAD – e Bruno Lage pode estar tentado a lançar o Benfica numa espécie de 3-4-3 ou de 3-5-2 capaz de espelhar o Sporting mais facilmente. Aí, a dúvida recairia no posicionamento de Kerem Akturkoglu (à esquerda, forçando claramente este lado, ou à direita, num posicionamento mais equilibrado) e de Fredrik Aursnes, relógio suíço do Benfica e que pode desempenhar múltiplas funções, inclusive partindo do corredor para dentro.
No Sporting há menos dúvidas no sistema – será estranho ver Rui Borges desfazer o conforto do 3-4-3 – mas há escolhas individuais a nível do perfil que podem definir o jogo. Ousmane Diomande regressará, para bênção do Sporting, ao centro da defesa, mas a partir do eixo central há dúvidas. Rui Borges sabe que pode jogar pelo empate e, mesmo que inconscientemente, esse fator estará sempre na cabeça do treinador (como estaria na de qualquer outro). Levanta-se assim a dúvida quanto ao perfil escolhido para as alas. Maxi Araújo e Geny Catamo (talismã contra o Benfica) têm sido apostas, mas o treinador dos leões já mostrou que pode facilmente apostar em Matheus Reis e Iván Fresneda, escolhas mais defensivas. Hidemasa Morita é um jogador multidimensional e que, recuperado da lesão, pode ter entrada no onze. Ainda assim, o japonês deixaria Zeno Debast, marcador de bolas paradas do Sporting, no banco. Pedro Gonçalves também tem sido preparado para ir a jogo, mas num jogo com estas características, há Geovany Quenda – noutro nível físico – como opção para a meia esquerda.

Posto isto, e de uma maneira mais geral, há duelos que podem definir o jogo. Desde logo, e pensando num Sporting com mais conforto a jogar mais baixo, Viktor Gyokeres terá espaço para correr e ameaçar as costas do Benfica e é, neste contexto, um jogador diferencial. Ousmane Diomande trará mais conforto ao Sporting para defender e atacar, possibilitando mais liberdade aos centrais exteriores (Gonçalo Inácio no passe, Eduardo Quaresma na condução) para se diferenciarem.
Do lado do Benfica, as últimas semanas têm trazido desenvolvimentos na saída desde trás – com Anatoliy Trubin em destaque – para atrair a pressão e chegar rapidamente à frente. Neste processo, há que enaltecer ainda Vangelis Pavlidis na sua dimensão associativa, enquadrando os companheiros em campo e temporizando o jogo do Benfica, e Kerem Akturkoglu, na melhor forma da temporada, atacando espaços e zonas de finalização.

Por fim, e longe dos holofotes, haverá duelos interessantes no meio-campo. Ambas as equipas estão habituadas a recuar médios para a saída de bola e descongestionar o espaço central e abrir brechas na pressão. Orkun Kokçu ganhou destaque no Benfica neste plantel e o Sporting, com Hjulmand e Debast a procurar ver o jogo de frente, tem acumulado múltiplos desenhos de construção. Conseguir pressionar a saída de bola adversária e fugir à teia rival será a chave de um jogo certamente disputado.
10 DADOS RÁPIDOS
- Sporting e Benfica partem para a 33ª jornada da Primeira Liga com 78 pontos na liderança partilhada da prova.
- Ambas as equipas chegam à Luz depois de uma vitória por 2-1 na última jornada.
- Na primeira volta o Sporting derrotou o Benfica por 1-0 em Alvalade. Marcou o amuleto leonino contra as águias: Geny Catamo
- O Sporting é a equipa com mais golos marcados nesta edição da Primeira Liga: 85, mais três que as águias.
- O Benfica é a equipa com mais vitórias nesta edição do campeonato: 25 vitórias, mais uma que os leões.
- Sporting e Benfica têm o mesmo número de golos sofridos nesta edição da Primeira Liga: 26.
- Desde 2015 (vitória do Sporting por 3-0) que ambas as equipas marcam golo quando jogam no Estádio da Luz.
- Pedro Gonçalves é o melhor marcador em jogos entre Sporting x Benfica nos plantéis atuais. O internacional português foi autor de quatro golos contra as águias.
- Em toda a história realizaram-se 324 jogos entre o Benfica e o Sporting. As águias venceram 139 jogos, os leões 115 e registaram-se 70 empates.
- João Pinheiro é o árbitro do encontro. Todos os Benfica x Sporting arbitrados pelo juiz da AF Braga terminaram empatados.
JOGADORES A TER EM CONTA

Viktor Gyokeres: O sueco foi travado por Marvin Elimbi e, principalmente, Jonathan Buatu na última jornada e tem a fome de golos acentuada por 90 minutos sem fazer o gosto ao pé ou, sequer, um remate de perigo. Com mais espaço terá mais condições para ser diferenciador, acelerando nas costas da defesa e procurando o contacto adversário para rodar (como já sabe Nicolás Otamendi). Está, provavelmente, a soltar os últimos cartuxos em Portugal e é a maior esperança do Sporting no bicampeonato.

Vangelis Pavlidis: Desde que chegou ao Benfica que o avançado grego tem mostrado qualidade, mas a falta de golos nos primeiros jogos fez levantar várias dúvidas (sem grande fundamento). Nesta fase da época, está com a confiança nos pícaros e além do que oferece a nível de movimentações e ações longe da baliza, já acrescentou os golos ao seu jogo. Além de tudo o racional, dérbis decisivos entre Benfica e Sporting são uma tónica para o aparecimento de pontas de lança gregos.
XI´s PROVÁVEIS
Benfica: Anatoliy Trubin; Tomás Araújo, António Silva, Nicolás Otamendi, Álvaro Carreras; Florentino Luís, Orkun Kokçu, Fredrik Aursnes; Ángel Di María, Kerem Akturkoglu, Vangelis Pavlidis.
Treinador: Bruno Lage
Sporting: Rui Silva; Iván Fresneda, Eduardo Quaresma, Ousmane Diomande, Gonçalo Inácio, Maxi Araújo; Morten Hjulmand, Hidemasa Morita; Francisco Trincão, Pedro Gonçalves, Viktor Gyokeres.
Treinador: Rui Borges
PREVISÃO DE RESULTADO: Benfica 1-1 Sporting