
“Tão bonito e em forma?” Stuart Baxter respondeu com uma pergunta a uma outra que lhe tinha sido colocada anteriormente sobre a idade (71 anos) com que decidiu aceitar ser treinador do Boavista. Sem grandes tempos para pausas, o escocês está na profissão desde 1985. “Não quero uma descida de divisão no currículo”, disse de forma mais séria.
Esta temporada, o Boavista tem estado nos cuidados intensivos. As dificuldades na luta pela manutenção levaram à contratação de Baxter, conhecido por aceitar os trabalhos que ninguém quer. Asfixiados pela falta de pontos, os axadrezados foram ao Estádio de São Luís jogar uma autêntica final contra um adversário direto na luta pela manutenção e conseguiram vencer na estreia do novo técnico.
Com aquele figurino esquálido e delgado a perscrutar do banco, o embate disputou-se aos repelões, com erros espalhafatosos e avessos à intenção de jogadas elaboradas de uma ponta à outra. Não é de estranhar que o único golo do jogo, marcado por Joel Silva, tenha surgido num lançamento longo despejado na grande área dos algarvios. Acantonado no ângulo morto dos defesas do Farense, o jogador de 22 anos bateu Kaique.
O septuagenário veio trazer energia ao Boavista na luta pela manutenção. Chegar aos 21 pontos significa igualar o Farense, sair do último lugar da classificação e ficar a dois pontos, à condição, do antepenúltimo lugar que permite sobreviver através de um play-off. Nas jornadas que faltam, os nortenhos vão ainda enfrentar o AFS e o Arouca, fora de casa, e o Sporting e o FC Porto, no Bessa.
Caso tudo corra bem e Stuart Baxter cumpra a missão de deixar o Boavista na Primeira Liga, talvez festeje a comer pizza e a ver futebol argentino em casa de Arsène Wenger, de quem é amigo pessoal. Como já revelou, não seria a primeira vez.
Quando anteriormente tinha estado no Vitória FC, de Setúbal, aprendeu com Malcom Allisson, de quem foi adjunto na década de 80, que “uma garrafa de champanhe sem bolhas é só vinagre”, assim contou à revista sueca “Offside”. O inglês ter-lhe-á dito: “Quando entrares em campo para treinar, tens de espumar como champanhe. Caso contrário, és só vinagre.”
O conselho parece estar a ser tido em consideração, mas basta saber se Stuart Baxter esgotou o plafond de vitórias. Os cinco triunfos do Boavista esta temporada foram conseguidos por quatro treinadores diferentes: Cristiano Bacci (2), Lito Vidigal, Jorge Couto e Stuart Baxter.