
Thomas Voeckler está cansado de ver o ciclismo, em geral, ser alvo de suspeitas de doping e, em particular, de ver como estas se estendem, em particular, a Tadej Pogacar e ao Tour de 2025.
O antigo ciclista, 19.º nos Jogos Olímpicos de Atenas2004, e comentador de televisão criticou a duplicidade de critérios entre o pelotão e outras modalidades dando como exemplo o ténis e o futebol.
Numa modalidade que vive ainda traumatizada pelo caso Festina e, sobretudo, pelo escândalo de Lance Armstrong , o ciclismo está sempre debaixo de olho e quando um corredor como Tadej Pogacar se mostra intocável, mais uma vez, neste Tour 2025, não faltam vozes a questionar a supremacia do esloveno. Numa entrevista publicada hoje no jornal Le Figaro, Voeckler saiu em defesa do camisola amarela desta 112.ª edição da Volta a França.
«Não me preocupa, nem me choca que um ciclista exiba esta superioridade. Eu era mais forte do que alguns ciclistas que provavelmente treinaram tanto quanto eu, e nem sempre tive resultados. Então, aceitei que os outros eram mais fortes», explicou o selecionador da equipa francesa de ciclismo. «Claro que me custou e aceitei menos, conforme os casos ou os controlos de doping se desenrolavam, e alguns companheiros de pelotão eram apanhados...», contou o francês.
Tadej Pogacar é a nova estrela do ciclismo mundial e ninguém acredita que deixe escapar a vitória no Tour deste ano e, pior, o esloveno da equipa UAE, dos Emirados Árabes Unidos, ainda pode impressionar mais e aumentar a diferença para a concorrência direta, no caso Jonas Vingegaard, o único que parece conseguir fazer frente, mas pouco, ao esloveno.
Mas, por mais desconcertante que as suas exibições sejam, isso não significa que esteja dopado, segundo Thomas Voeckler.
«A superioridade de um ciclista não significa que este esteja dopado e os outros não, e vice-versa. Pogacar é um fenómeno, ele não apareceu assim do nada», elogiou. «Isto reacende suspeitas, eu entendo, e é até bom, no sentido de que o ciclismo pelo menos é destacado em algum momento», justificou, recordando que os controlos são numerosos e claros no pelotão e que quem é apanhado a fazer batota é punido. Ao contrário do que acontece em outras modalidades», recordou.
«Quando alguém se infiltra no ténis, é glorificado e considerado um deus vivo — e eu adoro Rafael Nadal . Se precisar de uma infiltração no ciclismo, tem duas semanas de folga e não pode participar numa corrida», explicou o ex-ciclista. «É simples, é assim. Outro exemplo…Paul Pogba, que eu também adoro, provavelmente o que aconteceu com ele não foi intencional, mas se for o Romain Bardet ou o Thibaut Pinot que são enganados assim, ouvimos logo: ‘Eles fizeram-nos de parvos estes anos todos’. A maneira como processamos informações não é a mesma», criticou.