
O Mundial de Clubes de 2025 começa dia 14 de junho, onde Benfica e Porto marcam presença. A competição irá contar ainda com a presença do atual campeão europeu, Paris-Saint Germain, do maior campeão africano Al-Ahly e de Lionel Messi, ao serviço do Inter Miami.
Há que começar por perceber quais serão os índices de motivação dos clubes para atacar esta competição, num cenário onde os clubes europeus e africanos terminaram agora uma longa temporada com calendário sobrecarregado e os jogadores anseiam por férias, já a olhar para eventuais supertaças e pré-eliminatórias da Liga dos Campeões.
De facto, houve um esforço por parte da FIFA de realçar a importância da competição e fazer com que os clubes a reconheçam, ameaçando punições a quem não a levar a sério e aumentando os prémios monetários. Não obstante, a motivação e a condição física dos jogadores tem limite.
Acredito que o Mundial de Clubes poderá ser uma competição que clubes que fizeram temporadas aquém das expectativas olhem com bons olhos e vejam uma possibilidade de redenção ou de promessa para a próxima temporada. Ainda, o mercado de transferências começou mais cedo este ano e muitos clubes aproveitaram para se reforçar, como o Manchester City e outros para fazer reconstruções mais detalhadas, como o Real Madrid.

Neste panorama, há espaço e oportunidade para os próprios clubes testarem opções e sistemas táticos contra adversários fidedignos. Tenho curiosidade para saber como o Real Madrid de Xabi Alonso se vai apresentar. Ao que tudo indica, o próprio tem forte crença que o plantel reage melhor ao 4-3-3, mas tenho dúvidas se descartará o sistema tático a três centrais que usava no Bayer Leverkusen ou, pelo menos, certas rotinas do mesmo, como a construção a três.
Há ainda interesse no Al-Hilal e como Inzaghi vai preparar a equipa, o seu modelo de jogo demorou anos a desenvolver no Inter, agora tem uma semana para preparar o Mundial de Clubes. Acredito que irá impor o seu sistema, mas as rotinas não vão estar lá, cabe ao plantel responder ao sistema dentro de campo.
Deverá ser complicado motivar os jogadores do PSG para esta nova competição. Depois de vencer um triplete e, em especial, a Liga dos Campeões, é complicado voltar a ter fome antes das férias. Ninguém quer voltar ao campo de batalha depois do banquete de vitória, ainda que não exista nenhum jogador ou treinador que jogue para perder.
No entanto, para clubes como Bayern e Manchester City, que tiveram temporadas atribuladas, esta motivação deverá ser mais fácil e têm uma oportunidade de ganhar um troféu prestigiado e dar o mote para o próximo ano. Ainda, o Chelsea, que passou por um ano de preparação para o futuro e de definição real do que será o seu plantel, pode testar-se contra a elite do futebol após a conquista da Liga Conferência.
Sobre Benfica e Porto, clubes portugueses em competição, creio que os dois têm capacidade de, pelo menos, passar a fase de grupos deste Mundial de Clubes. O grupo do Porto, em teoria, é algo equilibrado.

O Al-Ahly é um adversário bastante competitivo fisicamente e o Inter Miami é a equipa de Messi e amigos. O Palmeiras, também orientado pelo português Abel Ferreira, destaca-se por como consegue ser compacto defensivamente e clínico no ataque. Contudo, não acho que algum destes clubes consiga beliscar a qualidade individual do Porto e isso poderá acabar por fazer a diferença, especialmente se conseguir ser agressivo e reter a bola frente ao Inter Miami, impedindo Messi, Busquets e Suárez de mostrarem o seu talento.
Já o Benfica enfrenta adversário de peso, o Bayern, mas tem uma qualidade individual muito superior ao Boca Juniors e ao Auckland City, embora o clube da América do Sul proponha um jogo difícil, em teoria. Em caso de passagem à próxima fase, o sucesso das equipas portuguesas estará dependente de quem enfrentarem, mas não é descabido pensar nos quartos de final.
Fugindo do continente europeu, perceba-se que há dois crónicos campeões africanos em competição: o Al-Ahly, que apesar de não ter conquistado, como de costume, a Liga dos Campeões Africanos, venceu o campeonato do Egito e é uma equipa que pode surpreender Palmeiras e Porto no grupo A do Mundial de Clubes.
Também o Mamelodi, que no caso, não conseguiu vencer a Liga da África do Sul, mas consegue sonhar em passar à próxima fase, uma vez que pode aproveitar a má fase do Fluminense. O Wydad Casablanca, de Marrocos, fez um grande jogo amigável frente ao Porto e pela sua capacidade física e de ataque rápido, diria que é uma equipa que até pode surpreender, embora esteja num grupo com qualidade individual muito superior à sua.
Há alguma curiosidade ainda para perceber como o Espérance de Tunis se irá apresentar no Mundial de Clubes, uma equipa que é histórica na Tunísia, mas que tinha caído desportivamente, o que mudou em 2020 e desde então tem-se assumido como a principal cara do futebol tunisiano. No entanto, é a equipa africana com o grupo mais complicado.
Se por um lado é complicado para os clubes europeus encontrarem motivação para disputar esta competição, o oposto também é verdade para os clubes sul-americanos: há sempre vontade de mostrar ao mundo que o seu futebol é tão capaz como o futebol europeu.

Desta parte do mundo, acredito que o Flamengo seja a equipa melhor preparada e com o futebol mais atrativo e moderno, tal é a qualidade do trabalho de Filipe Luís. Acredito ainda que o River Plate seja um dos favoritos a passar à próxima fase e que o Boca Juniors seja capaz de surpreender o Benfica, embora o clube lisboeta parta como favorito.
Apesar de tudo, é complicado não colocar como favorito ao troféu o clube que venceu a Liga dos Campeões. Além do PSG, destacaria Manchester City e Real Madrid (caso Xabi Alonso tenha impacto imediato) enquanto principais candidatos, não descurando a possibilidade Bayern. Acredito que Flamengo, Al-Ahly e Al-Hilal possam ser surpresas neste Mundial de Clubes, ao passo que Inter Miami e Salzburg sejam desilusões.