
Poderia parecer uma alucinação, mas o jogo não mente. O resultado do Mamelodi Sundowns, treinado por Miguel Cardoso, frente ao Dortmund mostrou a competência do emblema sul-africano, por um lado, e, por outro, a necessidade que as equipas têm de imprimir intensidade do início ao fim.
É que se, por um lado, há que dar mérito ao Sundowns, também há que destacar que, seja pelo calor ou por algum tipo de noção de superioridade, a equipa de Niko Kovac entrou em campo lenta, a passo e sem reação. E aí, sim, os comandados do técnico português mostraram-se fortes, aproveitadores e capazes. O primeiro golo foi apontado por Lucas Ribeiro, que, perante a passividade da defesa germânica, correu, correu e correu mais um bocadinho, passando por tudo e todos e, na cara de Kobel, finalizou sem dar hipóteses. Se, por um lado, o golo marcado foi de grande qualidade, o golo sofrido foi... de um total erro: Rownen Williams, que até é conhecido pela boa capacidade de jogar com os pés, colocou o esférico de bandeja em Nmecha, que só teve de encostar.
O empate serviu como um abrir de olhos para o Dortmund, que, após imprimir mais alguma velocidade, conseguiu trazer ao de cima a diferença na qualidade absoluta entre os dois conjuntos. O 2-1 surgiu numa boa jogada pela direita que acabou com o cabeceamento de Guirassy ao segundo poste e, em cima do intervalo, Jobe Bellingham estreou-se a marcar pela nova equipa, com um belo gesto em que recebeu, temporizou e finalizou. O ataque do Dortmund continuou na segunda parte e o último da equipa da Bundesliga chegou após cruzamento de Svensson ser desviado por Mudau para a própria baliza.
Apesar da desvantagem, o Mamelodi Sundowns não deitou a toalha ao chão. Mokoena ainda ameaçou de livre e Kobel teve de se esticar para evitar o golo de Rayners. Esse já seria, porém, o segundo do avançado, que, na sequência de um livre, fez o 2-4, aos 62'. O quarto golo sofrido teve, para o Sundowns, um efeito similar ao que de Lucas Ribeiro teve para com o Dortmund. E até levou a que a equipa de Kovac tremesse: mais uma perda de bola no meio-campo permitiu que, aos 90', Mothiba fizesse o 3-4, que se revelou definitivo.
Ainda assim, a réplica apresentada pelos comandados de Miguel Cardoso é de salientar. Frente a uma equipa teoricamente (muito) mais forte, explorou as vantagens, imprimiu intensidade e velocidade, aproveitou os erros e, nos últimos 25 minutos, foi mesmo superior ao Dortmund. Niko Kovac terá, certamente, muito trabalho por fazer: já contra o Fluminense só se salvou graças a Kobel e agora ia perdendo pontos frente ao Mamelodi Sundowns. A diferença da qualidade absoluta dos plantéis poderá ser suficiente para seguir em frente, mas o Borussia não deixa de desiludir.