Com o número 1 nas carenagens, Jorge Martín prepara o regresso em Losail após uma pré-temporada marcada por lesões. A pergunta impõe-se: estará pronto para lutar com os melhores?

Jorge Martín, campeão do mundo de MotoGP em 2024, tem vivido um início de ano frustrante. Lesões comprometedoras afastaram-no das primeiras rondas, e a luta pela defesa do título ficou, à partida, em risco. Mas o cenário pode mudar esta semana. O espanhol da Aprilia Racing espera autorização médica na quinta-feira para voltar ao asfalto — e, se o conseguir, poderá transformar por completo o fim-de-semana em Doha.

Martín tem boas memórias do Qatar: já arrancou duas vezes da pole position e subiu por duas vezes ao último degrau do pódio. A pista de Lusail adapta-se bem ao seu estilo agressivo, sobretudo na entrada e saída de curvas de raio longo, onde consegue explorar ao máximo o equilíbrio da moto. Caso regresse em boa forma física, pode surpreender desde a qualificação.

O timing da recuperação é igualmente importante. Com apenas três rondas disputadas, o campeonato ainda está longe de estar definido. E com o equilíbrio actual, uma sequência de bons resultados pode colocar Martín de volta à luta. Ainda mais se considerar que, sem ele, nenhum piloto se tem afirmado de forma dominante: Alex Márquez lidera sem vencer e Bagnaia só agora começou a somar vitórias.

A grande incógnita está, naturalmente, na condição física do piloto. A exigência de Lusail, especialmente em corrida longa, será o verdadeiro teste à resistência de Martín. Mas, sendo um piloto cerebral e determinado, não surpreenderia que conseguisse gerir o esforço e ainda assim ser competitivo. A garra não lhe falta.

O regresso de Martín seria, também, uma injeção de adrenalina para um campeonato que ainda procura a sua narrativa principal. Um campeão a voltar, um líder sem vitórias, um irmão pronto a vingar-se, e um Bagnaia em ascensão — ingredientes perfeitos para um duelo sob as estrelas no deserto.

Certo é no entanto que, como o campeão do mundo disse já hoje, planeia fazer um regresso comedido, com calma e de forma consolidado, sendo que terminar a corrida de domingo é para si ‘uma vitória’, considerou.