
O FC Porto está a trabalhar naquilo a que o presidente se refere como o possível «maior mercado da história do clube» e para já uma das armas principais nessa senda é a contratação de Borja Sainz.
Os 19 golos pelo Norwich City na temporada transata são o perfeito cartão de visita e justificam desde logo o investimento de 13 milhões de euros, que pode ainda crescer até aos 15. Será, certamente, uma adição relevante ao ataque azul e branco e ao campeonato português.
Cresceu no futebol espanhol, deu indícios de goleador na Turquia e explodiu em Inglaterra, mas o nosso jornal quis saber a opinião de quem privou com o novo extremo dos dragões...
«Pode parecer anárquico, mas mexe com o jogo»
«Diria que ele é um futebolista de um tipo que se vê pouco hoje em dia», começa por dizer Jaume Grau, à conversa com o zerozero. O atleta do AFS partilhou o balneário com o extremo quando estavam ambos ao serviço do histórico Real Zaragoza e não esquece as qualidades do novo reforço azul e branco.

«Joga sem pudor, com descaramento, sabes?. É um jogador habilidoso, com técnica e que gosta de enfrentar o adversário no um contra um. Gosta de desequilibrar e tem o atrevimento de tentar esse tipo de jogadas muitas vezes. Tem a capacidade para, num momento, marcar a diferença e romper com um jogo», completa.
Fala sobre uma versão mais jovem de Borja Sainz, que tinha 21 anos quando esteve em Saragoça por empréstimo do Alavés. «Pode parecer anárquico, mas mexe com o jogo», diz Grau, ciente dos recentes feitos goleadores ao serviço do Norwich, que certamente fazem dele «um jogador mais completo».
Há poucas histórias dos meses em que se cruzaram, até porque não foi um ano de muitos acontecimentos para os leones, que não foram além do 10º lugar no segundo escalão espanhol. Ainda assim, o médio formado no Real Madrid, que então vinha de uma temporada de empréstimo ao Tondela, recorda um momento com o treinador Juan Ignacio Martínez.
«Lembro-me de um jogo em que o mister armou a bronca com o Borja porque não estava a fazer as coisas bem e a seguir, de repente, ele fez uma genialidade que nos ganhou o jogo. Um grande golo, caraças... As coisas estavam a correr mal, o treinador zangado, e de repente ele saca aquele truque da cartola!»
A personalidade e as chances de sucesso em Portugal

e Jaume não são próximos, até porque certamente não tiveram tempo para nutrir a amizade até esse ponto, mas chegaram, como nos diz, a estar juntos fora do contexto profissional em algumas ocasiões durante a temporada em causa. Também por isso, o esquerdino que vai para a segunda temporada na Vila das Aves está qualificado para nos falar sobre a personalidade do compatriota.
«Como pessoa diria que tem semelhanças ao que é dentro de campo. É um rapaz atrevido, brincalhão e é um bom companheiro. Gosta de estar na palhaçada com os colegas, mas tem respeito», disse ao zerozero sobre o jogador que em janeiro deste ano ganhou má fama em Inglaterra por cuspir num adversário, gerando uma suspensão de seis jogos que provavelmente o impediu de ser o melhor marcador do Championship (ficou a um golo de o ser).
O nosso entrevistado sabe o que é preciso para uma boa adaptação ao futebol português e acredita que o antigo colega poderá reagir bem. Não só pela personalidade, mas também por um estilo de jogo que o pode beneficiar, com jogos partidos que geram transições talhadas para oportunidades de golo. «É um tipo de futebol que pode beneficiá-lo», diz.
«Acredito que tem todas as capacidades para triunfar em Portugal. Está no contexto certo, um grande clube, para fazer o seu talento reduzir. Se triunfará eu não sei, mas tem tudo para fazê-lo e para dar um futebol atrativo ao adepto português. Em breve vou desejar-lhe a melhor das sortes e já sei que quando nos defrontarmos daremos um abraço e trocaremos de camisola», remata.